terça-feira, 15 de julho de 2008

GLOBALIZAÇÃO E CRISE NA ECONOMIA BRASILEIRA

O projeto GLOBALIZAÇÃO E CRISE NA ECONOMIA BRASILEIRAé a continuação de uma linha de pesquisa desenvolvida a partir do projeto individual “A TEORIA MARXIANA DOS CICLOS” que deu origem a dois projetos PIBICS: “A teoria marxiana dos ciclos e sua aplicação ao caso brasileiro” (julho de 1996 – julho de 2001) e “A economia brasileira contemporânea sob o impacto da globalização e da crise” (julho de 2001 – julho de 2003).

A execução do projeto sobre o ciclo econômico criou condições para que novos estudos fossem efetuados visando a aplicação da teoria elaborada à economia brasileira. Mudou-se o enfoque da investigação colocando no centro o estudo dos movimentos da economia brasileira analisados do ponto de vista da teoria marxiana. Isso não significou que os estudos teóricos fossem abandonados. Pelo contrário, eles foram retomados e continuados. Com esse objetivo os novos projetos: “A teoria marxiana dos ciclos e sua aplicação ao caso brasileiro” e “A economia brasileira contemporânea sob o impacto da globalização e da crise”, mantiveram uma componente científica e uma componente pedagógica. Na medida em que foram sendo feitas pesquisas empíricas, nas quais a teoria elaborada era utilizada, continuaram os trabalhos de desenvolvimento da própria teoria o que obrigou à preparação de materiais teóricos e textos didáticos que tem sido utilizados nas disciplinas de Economia Política, nos cursos de graduação e pós graduação, com o objetivo de formar novos investigadores capacitados para continuar esta linha de investigação que já vem sendo objeto de atenção do responsável por este projeto, desde os trabalhos de preparação de sua tese de doutoramento intitulada “A acumulação do capital no Brasil: expansão e crise.”

Os projetos PIBIC desenvolvidos serviram de centro catalizador para todo o trabalho de pesquisa agregando, além dos estudantes bolsistas e monitores do Programa de Monitoria, estudantes da graduação e do mestrado, e professores. É com base nessa experiência que está construído o presente projeto que pretende ser uma estrutura mais ampla capaz de abrigar todo o trabalho, envolvendo ensino, pesquisa e extensão, utilizando professores, estudantes de graduação e da pós-graduação e aberto para a colaboração de pessoas de outros centros, no país ou no exterior, que se integrarão em um grupo de pesquisa cujo registro já está feito no banco de dados do CNPq.

No âmbito dos projetos citados foram concluídos, três livros, seis dissertações de mestrado, sete monografias, seis textos para discussão e três textos didáticos editados pelo CME/DEPARTAMENTO DE ECONOMIA e foram escritos dois papers apresentados em congressos.

Livros editados
A CRISE ECONÔMICA: UMA VISÃO MARXISTA, de autoria de Ribeiro, N.R., João Pessoa: UFPB/Editora Universitária, 2008.
O CICLO ECONÔMICO UMA VISÃO MARXIANA, edição experimental feita pelo CME-DE, de autoria de Ribeiro, N.R, que serviu como livro texto para o curso de Economia Política III.
O CAPITAL EM MOVIMENTO: CICLOS, ROTAÇÃO E REPRODUÇÃO, 4ª edição experimental feita pelo CME-DE e utilizado como livro texto nos cursos de Economia Política II.
DINHEIRO, MAIS-VALIA E ACUMULAÇÃO CAPITALISTA, 3ª edição experimental feita pelo CME, organizado por Ribeiro, N.R e utilizado como livro texto nos cursos de Economia Política I.

Dissertações de Mestrado
O SUPPLY CHAIN MANAGEMENT E SEUS REFLEXOS NA CONCORRÊNCIA, CAMPOS, Luis Henrique Romani , CME - UFPB, Fevereiro de 2000.
O PROGRAMA DE DESLIGAMENTO VOLUNTÁRIO DO BANCO DO BRASIL E SUA INFLUÊNCIA NO ESTADO DA PARAÍBA, SILVA, Paulo Roberto da, CME - UFPB, 20 de Fevereiro de 2000.
O PROBLEMA DO DESEMPREGO NO ATUAL CONTEXTO DE EVOLUÇÃO DO CAPITALISMO, SAITO, Anderson Issao, CME – UFPB, 21 fevereiro de 2001.
A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS NA INDÚSTRIA AUTOMOBILISTA BRASILEIRA (1957-1998), REIS, Serli Vieira dos, CME - UFPB, 08 de março de 2001.
O PLANEJAMENTO ECONÔMICO NA REPÚBLICA DE CABO VERDE, NEVES, Fernando Fonseca, CME – UFPB, 4 de fevereiro de 2002.
O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO EM ANGOLA APÓS A DESCOLONIZAÇÃO, ESTEVES, Francisco Patrício, CME - UFPB, 4 de Fevereiro de 2002.
O MOVIMENTO CÍCLICO DA ECONOMIA BRASILEIRA E A INDÚSTRIA DE BENS DE CAPITAL: 1980-2000, SILVA, Rosângela Palhano da, CME – UFPB, 2002.

Monografias
EURO – NOVA ETAPA NA INTEGRAÇÃO MUNDIAL, monografia de conclusão de curso apresentada por Aristides Nascimento Lopes Semedo à Coordenação do Curso de Economia, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade Federal da Paraíba, e aprovada no dia 02/09/99.
A CRISE ECONÔMICA NO BRASIL: OS ANOS 70 e 80, monografia de conclusão de curso apresentada por Rosângela Palhano da Silva à Coordenação do Curso de Economia, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade Federal da Paraíba, e aprovada no dia 02/03/2000.
A CRISE ECONÔMICA NO BRASIL: NOS ANOS 90, monografia apresentada por Marlene Lopes de Oliveira à Coordenação do Curso de Economia, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade Federal da Paraíba, e aprovada no dia 02/03/2000.
O PLANO REAL: ESTABILIZAÇÃO E CRISE, monografia apresentada por Fernando Jorge Fonseca Neves à Coordenação do Curso de Economia, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade Federal da Paraíba, e aprovada no dia 03/03/2000.
CRIAÇÃO E TRANSFERÊNCIA DO VALOR NO SETOR TÊXTIL: ESTUDO DO CASO DA FIAÇÃO, monografia apresentada por Jailton Chaves da Silva à Coordenação do Curso de Economia, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade Federal da Paraíba, no dia 15/03/2000.
O IMPACTO DA GLOBALIZAÇÃO E DA CRISE NAS COMUNIDADES RIBEIRINHAS: O CASO DE TAMBAÚZINHO, monografia de conclusão de curso apresentada por Elaine Alves Pegado à Coordenação do Curso de Economia, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade Federal da Paraíba e aprovada no dia 05/09/2001.
O CICLO ECONÔMICO NO BRASIL NOS ANOS 90, monografia de conclusão de curso apresentada por Adonias Vidal de Medeiros Junior à Coordenação do Curso de BEconomia, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade Federal da Paraíba e aprovada no dia 03/05/2002.
A NATUREZA DO ENDIVIDAMENTO EXTERNO BRASILEIRO: OS ANOS 90, monografia de conclusão de curso apresenta por Osvaldo Cândido da Silva Filho à Coordenação do Curso de Economia, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade Federal da Paraíba e aprovada no dia.

Textos elaborados
A Mais-Valia, O Dinheiro e As Formas de Organizar a Produção no Capitalismo.Textos utilizados como parte da bibliografia da disciplina de Economia Política I no Curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal da Paraíba, modificados e editados posteriormente em livro pelo CME-DE.
A crise atual: acidente ou necessidade,Ribeiro, N.R.. Texto para discussão N 139, Edição do Curso de Mestrado em Economia da UFPB, João Pessoa.
Os Valores de Troca e as Equações do Valor, Ribeiro, N.R. Texto para discussão Nº 138, Edição do Curso de Mestrado em Economia da UFPB, João Pessoa, março de 2000.
A crise? Qual crise Texto apresentado no Primeiro Encontro de Economia Clássica e Política, realizado na Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 1996.
A crise -Conteúdo e formas de manifestação, Ribeiro, N.R., Texto para discussão N 136, Edição do Curso de Mestrado em Economia da UFPB, João Pessoa.
O supply chain management é um rompimento com a estrutura do capitalismoRibeiro Nelson Rosas e Campos, L.H.Romani de; Texto para discussão N 150, Edição do CME, UFPB, João Pessoa. Apresentado como comunicação no IV Encontro Anual da Sociedade Brasileira de Economia Política e publicado nos anais eletrônicos do encontro.
Das crises às flutuações – Ciência ou ideologia. Texto para discussão N 137, Edição do CME, UFPB, João Pessoa.
Contração, recessão, desaceleração... O retorno da crise econômicaRibeiro N.R. e Palhano, R. Texto para discussão N 245, Editado pelo CME – UFPB, João Pessoa.
O ciclo econômico nos anos 90 e a indústria de bens de capitais.Ribeiro N.Rosas e Silva, Rosângela Palhano da. Texto apresentado no V Encontro dos Economistas de Língua Portuguesa e publicado nos anais. Recife, 2004.

Identificação do Projeto

Título: GLOBALIZAÇÃO E CRISE NA ECONOMIA BRASILEIRA.

Área de Concentração:Economia

Localização do Projeto:
Departamento de Economia
Centro de Ciências Sociais Aplicadas
Universidade Federal da Paraíba
Campus I, Cidade Universitária
João Pessoa - PB

Localização do Projeto:
Coordenador do Projeto: 6 (seis) horas semanais
Pesquisadores: 4 (quatro) horas semanais.

Elementos de identificação dos professores participantes
Nome:NELSON ROSAS RIBEIRO - (Coordenador do Projeto).
Categoria Funcional:PROFESSOR ADJUNTO IV.
Regime de Trabalho :DEDICAÇÄO EXCLUSIVA.
Titulação:PROFESSOR EMÉRITO DA UFPB E DOUTOR EM ECONOMIA PELA UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA, LISBOA - PORTUGAL.

Nome:ROSÂNGELA PALHANO RAMALHO
Categoria funcional :PROFESSORA ASSISTENTE
Regime de trabalho:DEDICAÇÃO EXCLUSIVA.
Titulação: MESTRADO EM ECONOMIA PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

Nome:REJANE GOMES CARVALHO.
Categoria funcional:PROFESSORA ASSISTENTE.
Regime de trabalho:DEDICAÇÃO EXCLUSIVA.
Titulação:DOUTORANDA EM SOCIOLOGIA NA UFPB, CAMPUS I.

Nome:LUCAS MILANEZ DE LIMA ALMEIDA
Categoria funcional:PROFESSOR AUXILIAR.
Titulação:MESTRADO EM ECONOMIA PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA


Até o momento o PROGEB conta com os seguintes pesquisadores estudantes:

1 Pesquisador mestrando (externo): ERIC GIL DANTAS
1 Pesquisador Doutorando (externo): ANTONIO CARNEIRO DE ALMEIDA JUNIOR
2 Pesquisadores bolsistas do PROBEX: CLAUBER CAVALCANTE E  RAPHAEL SENA
1 Pesquisadora voluntária: ROBERTA PEREIRA E NATHANAEL BRITO

segunda-feira, 14 de julho de 2008

A Ameaça à Estabilidade da Economia Brasileira

Semana de 30 de junho a 06 de julho de 2008

O governo Lula não tem medido esforços para exibir o que ele chama de “os sólidos fundamentos macro-econômicos do Brasil”. Para mostrar esta solidez, além de ostentar com grande pompa o título de “investment grade”, recém conquistado, o governo tem apresentado dois indicadores: o superávit primário e as reservas.
Preocupado em tranqüilizar os especuladores financeiros, o Governo Lula, alegando o pagamento dos juros da dívida, procura manter, a qualquer custo, o superávit primário (total das receitas menos a soma das despesas do estado antes do pagamento dos juros), o que vem sendo conseguido graças ao aumento do esforço fiscal. Nos primeiros cinco meses do ano, a economia de recursos foi de R$ 74,9 bilhões, cifra que representa 6,55% do Produto Interno Bruto (PIB). No mesmo período do ano passado, o resultado foi de R$ 60 bilhões, o equivalente a 5,89% do PIB. O chefe do departamento econômico do Banco Central, Altamir Lopes, atribuiu o bom resultado ao aquecimento da atividade econômica, que permitiu a elevação da arrecadação. O crescimento do montante arrecadado fez com que a relação dívida/PIB recuasse para 40,8%.
Por seu lado, as reservas internacionais atingiram uma marca histórica. De acordo com o Banco Central, o montante chegou a US$ 200,2 bilhões. Há um ano, a cifra era de US$ 145,5 bilhões, o que representou um crescimento de 37,5%. Para o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, isso dá ao Brasil um certo nível de segurança do ponto de vista das relações internacionais. Ele não revela, porém, qual o preço que se tem de pagar por esta segurança.
Entretanto, um fator externo anda ameaçando a estabilidade macroeconômica brasileira: a crise econômica internacional. Além da quebradeira geral do mercado financeiro (com a contínua desvalorização do dólar), a queda no consumo tem levado ao fechamento de empresas, ao aumento do desemprego e à redução do comércio mundial. A política do BC tem agravado ainda mais a situação valorizando o real frente ao dólar e comprometendo, ainda mais, o saldo da balança comercial, que vem perdendo o fôlego. No primeiro semestre deste ano, o superávit de US$ 11,37 bilhões foi 44,47% menor do que os US$ 20,58 bilhões registrados em igual período do ano passado.
O Brasil junta-se à orquestra mundial colaborando com as contradições de sua crise interna de superprodução, pois, como era de se esperar, o nível de atividade econômica do país também vem sendo reduzido. Após dois meses consecutivos de crescimento, a produção industrial caiu 0,5%, em maio, na comparação com abril. Em relação ao ano passado, a indústria mantém ainda um desempenho positivo, com expansão de 2,4%, mas em ritmo inferior ao registrado no mês anterior, quando cresceu 10%. Os dados foram divulgados recentemente pelo IBGE.
Neste mundo globalizado, um fator importante que vem contribuindo para a desaceleração é o enfraquecimento do setor externo, já que os principais parceiros comerciais do Brasil, os Estados Unidos e a Argentina, estão enfrentando dificuldades.
Apesar dos dados da indústria, para alguns economistas, “ainda não se configurou uma tendência de desaceleração”. O fato é que a crise mundial, deflagrada pela crise dos Estados Unidos, está sendo agravada pela elevação generalizada dos preços, tornando o cenário externo mais desfavorável e constituindo uma verdadeira ameaça ao quadro de estabilidade econômica, amplamente ressaltado pelo Governo.
Nem as reservas internacionais, que atingiram uma marca histórica, nem a relação dívida/PIB, em queda, são suficientes para conter os efeitos globais da estagflação (inflação na estagnação), que vem ganhando força no cenário econômico mundial. A tendência é de que o Brasil acompanhe o movimento global, que no momento é de desaceleração. Esse é um processo que não pode ser evitado pela política econômica, mas apenas deformado, o que tem ocorrido com alguma freqüência e que está fazendo do Brasil um país cada vez mais defasado, não só em relação às principais potências econômicas, mas também em relação aos seus parceiros ditos “emergentes”.
Um forte indício de que a estabilidade da economia brasileira está cada vez mais ameaçada se encontra na recente declaração do novo titular da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, Nelson Henrique Barbosa Filho. Segundo ele, o governo pode ser obrigado a revisar para baixo a projeção de crescimento da economia para 2009 em decorrência do cenário de inflação. A taxa de crescimento esperada para o próximo ano pode cair, de 5%, para 4,5%.
Enquanto os primeiros sinais de desaceleração, em relação à economia brasileira, começam a aparecer, no cenário internacional, as grandes instituições financeiras continuam demitindo funcionários. O JP Morgan, que comprou o Bear Stearns em maio, está fechando cerca de 10% dos postos de trabalho da sua divisão de banco de investimento na Europa. Desde a deflagração da crise, há aproximadamente um ano, já foram registradas perdas de cerca de US$ 40 bilhões, somente entre os bancos. Um dos mais afetados foi o Citigroup, que acumula prejuízos de aproximadamente US$ 43 bilhões. No mercado de títulos imobiliários, estima-se um prejuízo de US$ 1 trilhão. Com a desvalorização dos imóveis, a cifra anterior deve ser acrescentada, entre US$ 4 trilhões a US$ 6 trilhões.
No âmbito das previsões, o Fundo Monetário Internacional (FMI) já advertiu contra o perigo de estouro de crises financeiras pelo mundo devido aos altos preços do petróleo e dos alimentos. Segundo Dominique Strauss-Khan, diretor gerente do FMI, alguns países estão a ponto de desmoronar. Em comunicado, ele declarou que “se os preços dos alimentos seguirem aumentando e se as cotações do petróleo se mantiveram, alguns governos já não estarão em condições de alimentar a sua população, nem de manter a estabilidade de suas economias”.
Nesse mar de turbulências, desmoronarão também os “sólidos fundamentos macro-econômicos” do Brasil e a falsa aparência de estabilidade que eles trazem consigo, encobrindo a sua fragilidade econômica e financeira em relação ao movimento da economia mundial.

Texto escrito por:
Diego Mendes Lyra: Professor Substituto do Departamento de Economia/UFPB, mestrando e pesquisador do Progeb – Projeto globalização e crise na economia brasileira
Nelson Rosas Ribeiro: Professor do Departamento de Economia e coordenador do Progeb (progeb@ccsa.ufpb.br)

Arquivo para download disponível em formato pdf.
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