sexta-feira, 3 de julho de 2009

Economia I - Lista de exercícios

Deixamos disponível para download, em formato pdf., a lista de exercício dirigida aos alunos de Economia I, turno manhã e noite, período 09.1.

Lista de exercício - Download

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Ainda é cedo demais para tamanho otimismo

Semana de 08 a 14 de junho de 2009

Notícias e dados divulgados por alguns órgãos ligados ao governo, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), parecem demonstrar que a contração da economia brasileira está ocorrendo a taxas menores, ou, em outras palavras, que o ritmo de redução da atividade econômica no país está diminuindo. Segundo o IBGE, nos três primeiros meses do ano, o PIB caiu 0,8% na comparação com o quarto trimestre de 2008 e 1,8% em relação à igual período do ano passado. O consumo das famílias, um dos principais componentes do PIB, cresceu 0,7%, no primeiro trimestre do ano, em relação ao último trimestre do ano passado, puxado pelo reajuste de 12% no salário mínimo e a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), de uma série de bens duráveis como os automóveis. O resultado foi considerado menos negativo que o esperado e, portanto, bom o suficiente para reacender o discurso de retomada do crescimento por parte de autoridades da área econômica do governo, como o Ministro da Fazenda, Guido Mantega. Mantega declarou acreditar em um crescimento positivo, no segundo trimestre, e em uma expansão de 1% do PIB, em 2009. Já o Ministro do Trabalho, Carlos Lupi, ao anunciar que, em maio, o Brasil criou mais de 106 mil vagas formais de trabalho, afirmou que todos os setores da economia dão sinais de recuperação do emprego, apesar da Organização Internacional do Trabalho (OIT), projetar uma elevação, na taxa de desemprego brasileira, de 8,4% para 8,6%.
Mas, ainda é muito cedo para tamanho otimismo. O mesmo IBGE publicou outros números que mostram que a formação bruta de capital fixo, indicador dos investimentos em máquinas, equipamentos e na construção civil, registrou uma queda de 12,6%, no primeiro trimestre, o pior resultado da série histórica do IBGE, iniciada em 1996. Como atualmente o índice de utilização da capacidade instalada na indústria é, em média, de 79%, no caso de um aumento da demanda há uma grande margem para o aumento da produção com base na utilização desta capacidade ociosa. Só quanto a capacidade se esgotar as decisões sobre novos investimentos serão tomadas pelos empresários. Ora, em um cenário de recessão mundial, certamente os investimentos em bens de capital não serão realizados num volume suficientemente grande, para garantir a retomada do crescimento. A teoria nos ensina que sem estes investimentos a recuperação da economia será inevitavelmente lenta e de pouca duração.
Além disso, o Ministro do Trabalho, não referiu que a indústria automotiva continua demitindo, mesmo com o incentivo da redução do IPI, dado pelo governo. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, as montadoras cortaram 5.500 vagas de trabalho, entre janeiro e maio. Desde o início da crise, já são 11,3 mil demissões no setor. Em outubro, a indústria automotivaempregava 131,7 mil pessoas. Hoje ela emprega 120,4 mil. Segundo a entidade, a redução do IPI contribuiu para a recuperação das vendas, mas o incentivo não foi suficiente para aquecer a procura por caminhões e ônibus. Os exportadores, por sua vez, continuam prejudicados pela fraca demanda mundial e agora, pela valorização do real frente ao dólar. Este ano, além da continuação das dificuldades de financiamento, a rentabilidade das exportações brasileiras já diminui 12%. Um levantamento realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), mostrou que apenas 49,6% das exportações do país contaram com crédito pré-embarque, no primeiro trimestre.
Desta vez, nem mesmo as “sólidas instituições financeiras” escaparam. Segundo pesquisa do Banco Central, o lucro dos bancos que atuam no Brasil caiu 39%, no primeiro trimestre, comparado com o mesmo período do ano anterior. No país onde os banqueiros possuem uma das maiores rentabilidades do mundo, este é um dado emblemático e indica que a recuperação da atividade econômica não será assim tão rápida como pressupõem os discursos oficiais.
Assim como o Brasil, a China também vem enfrentando dificuldades nas suas exportações. Pelo sétimo mês consecutivo as vendas externas chinesas registraram queda. Em maio, as exportações caíram 26,4%, em relação ao mesmo mês do ano passado. Seguindo a mesma tendência, as importações também caíram quase que no mesmo ritmo. As compras do país, no mercado externo, recuaram 25,2%, conforme informou a Administração Geral de Alfândegas da China.
Nos Estados Unidos, o número de trabalhadores recém demitidos que solicitaram seguro desemprego, diminuiu pela terceira vez, nas últimas quatro semanas, o que indica que as empresas estão demitindo menos, fato que confirma a redução na velocidade de contração da atividade econômica, mas, por si só, não permite concluir que a economia já está em processo de recuperação. Por outro lado, o patrimônio dos norte-americanos encolheu em US$ 1,3 trilhão, segundo relatório divulgado pelo Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos. Este resultado representa uma queda de 2,6%, em relação ao final do ano passado, e é uma conseqüência direta da desvalorização dos imóveis e dos ativos financeiros ocorrida durante a crise.
Na zona do euro, a produção industrial teve queda recorde em abril. A produção dos países que fazem parte do bloco caiu 12,6%, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o pior resultado dos últimos 23 anos. A economia da zona do euro já acumula doze meses de contração e, entre janeiro e março, registrou retração de 2,5%. No mesmo movimento se encontra a economia da Rússia, que no
primeiro trimestre registrou uma retração de 9,8% no PIB. De acordo com as previsões do Ministério da Economia, o PIB russo cairá entre 6% e 8% este ano. Já o Banco Mundial prevê, em relatório, que a economia mundial deve contrair-se 3% este ano (a previsão anterior era de 1,3%).
A atual crise mundial, apesar de assumir inicialmente a forma de crise financeira, vem ampliando a cada dia os seus impactos sobre o lado real da economia. Segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e a OIT, cerca de um milhão de pessoas perderam seus empregos no continente latino-americano, somente no primeiro trimestre deste ano. Conforme relatório divulgado pelos dois órgãos, a taxa de desemprego passou de 7,9%, no ano passado, para 8,5% este ano, isto significa que cerca de 2 a 3 milhões de pessoas podem se somar aos 15,9 milhões de desempregados existentes em 2008 nos centros urbanos.
Em meio a este cenário, algumas empresas continuam buscando dominar maiores fatias de mercado e as operações de fusão e aquisição não param de crescer. No Brasil, o Pão de Açúcar comprou o Ponto Frio. A aquisição envolveu R$ 1,16 bilhão. Com isso a rede varejista espera conquistar 10% de participação no varejo de eletroeletrônicos e pretende voltar à liderança do segmento, no país. Em contrapartida, as Casas Bahia também anunciaram, no mesmo dia, a aquisição da rede Romelsa, com 17 lojas em Salvador e cidades vizinhas e que pretendem ainda realizar novas compras na região Nordeste. O processo de concentração do capital tem um outro exemplo na compra, pela fabricante suíça de bens de capital - ABB, da italiana Comem, especializada na produção de componentes para transformadores utilizados na distribuição de energia. Com a aquisição a multinacional amplia a sua atuação no mercado brasileiro.
As informações sobre o panorama econômico mundial, portanto, ainda não permitem concluir que o processo de recuperação da economia já está em marcha, nem no Brasil, nem nos demais países. Pode-se apenas concluir que o ritmo de redução da atividade econômica está diminuindo e que a retomada do crescimento ainda irá levará algum tempo. Uma coisa, porém, está certa. Esta nova fase irá ocorrer com um grau de concentração e centralização de capital ainda maior que o atual, isto é, com um número menor de empresas, controlando e dominando parcelas maiores de mercado, acentuando esta tendência do capitalismo monopolista.

Texto escrito por:
Diego Mendes Lyra: Mestrando em economia, Professor Substituto do Departamento de Economia da UFPB e pesquisador do Progeb – Projeto globalização e crise na economia brasileira
progeb@ccsa.ufpb.br

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Ainda não se vê a luz do fim do túnel

Semana de 01 a 07 de junho de 2009


Entre janeiro e meados de abril de 2008, os calotes com bônus alcançaram US$ 674 bilhões o quemostra a deterioração da capacidade das empresas para pagamento de dívidas. Se comparados ao valor dos calotes em 2007, US$ 8 bilhões, a cifra parece-nos astronômica. Isso foi revelado num estudo do Credit Suisse, onde se prevê também um agravamento da situação, nos próximos 12 meses.
Os déficits públicos nos Estados Unidos, por sua vez, também cresceram prevendo-se quealcançarão o montante de US$ 1,85 trilhão, equivalendo a 13% da economia americana o que, segundo Bem Bernanke, presidente do Federal Reserve - Fed, o banco central dos EUA, ameaça à estabilidade financeira do país.
No mundo empresarial, as notícias de grandes desastres continuam. Finalmente concretizou-se o pedido de concordata da maior montadora americana, a General Motors, gigante equivalente à soma da Microsoft, Apple e Toyota, transformando-se no maior caso de moratória industrial da história americana. O custo para os contribuintes ultrapassou os US$ 62 bilhões passando o governo a dominar 60% do capital da empresa. Os sindicatos, credores de US$ 20,5 bilhões, ficarão com 17,5% das ações da companhia.
A concordata vai fechar 11 fábricas. Tudo indica que apenas quatro das oito marcas da GMpermanecerão. São elas, as Chevrolet, Cadillac, Buick e GMC. A marca Saturn, está sendo negociada com o grupo de Roger Penskes, proprietário da equipe da fórmula Indy. Segundo o presidente da GM, Fritz Henderson, a concordata não terá nenhum impacto na Europa, América do Sul ou Ásia. Os efeitos serão nos Estados Unidos e Canadá, sendo que, no México, a multinacional será afetada pela redução da demanda em território americano.
Em relação ao mundo do trabalho, nos EUA, desde o começo de 2007, foram eliminados setemilhões de empregos. O contingente dos sem trabalho atinge hoje 14,5 milhões, o que equivale a uma taxa de desemprego de 9,4%, a maior dos últimos 26 anos.
Os trabalhadores em regime temporário perderam 7.000 empregos, em maio, ante uma médiamensal de 73 mil, nos últimos seis meses. Estima-se que o setor de autopeças, que perdeu 30 mil vagas no mês passado, com as reestruturações da General Motors e Crysler, venha a cortar mais 75 mil empregos, até o final do ano.
Outras estatísticas mostram que o total de crédito disponível para o consumo, caiu US$ 15,7bilhões, o segundo maior recuo já registrado num item que representa 70% do PIB americano. O único setor da economia que está gastando como um todo é o governo, que tem feito isso mediante um aumento enorme no seu endividamento.
Apesar desses dados nada animadores, já se debate o fim da recessão, debate onde os economistas participantes parecem ter a clareza de que o meio do túnel ainda não foi alcançado e deitam um olhar de esperanças, à possível saída da crise.
Os mais otimistas, porém, começam a afirmar que já se aproxima o fim da crise, como é o caso do economista-chefe do Credit Suisse, Nela Chus, que disse: “O patamar mais baixo da recessão é iminente, se já não ficou para trás.” Outro otimista é Marca Prado, estrategista da Cantor Fitzgerald que afirmou: “Declarei a recessão oficialmente terminada”. Mas essa opinião não é generalizada e o bom senso tem prevalecido, apesar de tudo.
Mas realista, Paul Krugman, Nobel de Economia, em uma conferência realizada em Dublinafirmou que a economia mundial não está a dar o menor sinal de recuperação, ela apenas está a estabilizarse e não a se recuperar e que ainda se encontra na fase em que a situação piora, embora mais lentamente.
Como reação natural à crise mundial há uma certa busca de protecionismo. Na imprensa especulase sobre a política de Obama, relativamente às importações americanas de pneus da China. Os sindicatos americanos querem restringir a quantidade de pneus com esta origem, apelando para a seção 421 da lei comercial, que exige, em última instância, aprovação ou rejeição, pelo presidente, mesmo contra as recomendações do ITC. A regra 421 foi criada quando da entrada de China na Organização Mundial de Comércio (OMC), em 2001.
É nesse clima que a Organização Mundial do Comércio (OMC), revoga a exclusão de Cuba queesteve fora dessa organização por 47 anos. A revogação foi uma resolução da 39ª Assembléia Geral da OEA, que se realizou em Honduras. Em resposta, tanto Raul quanto Fidel Castro anunciaram a sua recusa em voltar a fazer parte daquela organização. Os países caribenhos foram fortemente afetados pela crise mundial, principalmente por via da sua faceta financeira. Cuba foi particularmente atingida por causa do bloqueio econômico a que está submetida. Em outros países da América Latina, também estão sendo tomadas medidas anti-crise. Na Venezuela, o governo impôs a redução das remessas de dólares para o exterior. Anteriormente cada venezuelano podia remeter até US$ 1.800, por mês, quantia que ficou.
No geral as bolsas dos países emergentes têm sido apontadas como o motor das bolsas de valores em nível mundial. O índice MSCI subiu 34,4% no ano, até o fim de maio, e têm atraído fortemente os capitais para ações e títulos. Na América Latina, o Brasil e o México têm sido os preferidos.
No Brasil, o BNDES vai analisar como fica a situação da subsidiária brasileira da General Motors, que já encaminhara cartas consultas, à instituição, com pedido de financiamento de valor superior a R$ 700 milhões. Estes novos empréstimos serão repensados, muito embora pareça líquido que as linhas de crédito, já aprovadas anteriormente pelos Bancos, para a GM, não deverão ser afetadas pela situação da matriz nos Estados Unidos.
Na economia real, apesar da queda nos ritmos, continuam os movimentos de fusões e aquisições.As vendas de máquinas agrícolas caíram 7,3%, neste ano, com relação a igual período, em 2008. A venda de cimento caiu 2,0%, relativamente ao ano passado; a produção nacional de veículos “segue ladeira abaixo”, em 2009, com queda de 14,2%, em relação a 2008 e o consumo nacional de energia caiu 1,4%. A alta do real que, no dia 02 deste mês, atingiu uma valorização de 25,03%, aumentou ainda mais as preocupações do governo.
No meio disso tudo, o único indicador positivo relativo à indústria é a redução de 0,5% dacapacidade ociosa instalada, permanecendo mesmo assim, 4,7% abaixo do patamar alcançado no mesmo período do ano anterior. A expectativa, para o ano em curso, quanto ao crescimento do PIB Brasil é de queda de 2% com relação ao ano passado.
No Seminário, “Comércio e Finanças: os desafios da crise mundial”, organizado pela FundaçãoGetúlio Vargas (FGV), ouviram-se pronunciamentos de vários economistas. O Ministro Guido Mantega, garantiu que o governo já tem dados que mostram sinais de recuperação da economia nacional e, na sua perspectiva,… ”fomos o último a entrar na crise” e “seremos os primeiros a sair”. O economista Carlos Geraldo Langoni, acredita que o Brasil está à beira do pós-crise, onde o “pior já passou”, tendo a economia brasileira passado “muito bem pelo teste do estresse da economia mundial”; Eduardo Loyo, do Banco UBB Pactual e ex-diretor do Banco Central, referindo-se a crise, disse: “Estamos, de fato, experimentando um pouquinho de um amanhecer, seja ele verdadeiro, ou não”.
Dá para acreditar?
Em que pese o otimismo dos “economistas tupiniquins”, penso, e muito bem acompanhada, queainda “não se vê a luz do fim do túnel”.

Texto escrito por:
Elivan Rosas Ribeiro: Professora do Departamento de Economia da UFPB e Pesquisadora do PROGEB – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira.
progeb@ccsa.ufpb.br

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