Semana de 26 de janeiro a 01 de fevereiro de 2015
Nelson Rosas Ribeiro[i]
Durante todo o ano de
2014, nas nossas análises, acompanhamos a evolução da economia mundial e
nacional e identificamos a fase do ciclo econômico atual como a passagem da
fase de crise para a fase de depressão. Agora, mais uma vez explicitamos que o
instrumental teórico que nos serve de base é a teoria dos ciclos econômicos ou
das crises cíclicas de superprodução. Lembramos que esta teoria nos ensina que
a economia capitalista se desenvolve em ciclos e que estes ciclos são compostos
de quatro fases: crise, depressão, reanimação e auge. Há uma abundante
literatura sobre o assunto que, infelizmente, deixou de ser estudada nos cursos
de economia por razões puramente ideológicas. Como consequência, os economistas
perderam a capacidade de entender os fenômenos econômicos atuais e estão mais
perdidos do que cego em tiroteio. A economia renuncia ao seu caráter de ciência
e se transforma no mais puro charlatanismo ideológico sem qualquer utilidade a
não ser defender o sistema atual.
Neste início de ano, os
dados que vão sendo divulgados confirmam as análises que fizemos e que nos
permitiu identificar a atual fase do ciclo como de depressão. Este quadro
continua a caracterizar 2015, para desespero dos governos e das autoridades
responsáveis pela política econômica.
Com exceção dos EUA, onde
se observa uma lenta e duvidosa recuperação, o resto do mundo continua em
convulsão. Embora o nosso ministro Levy não saiba, os maiores Bancos Centrais
(BCs) do mundo, com exceção do Federal Reserve (Fed), Banco Central dos EUA,
mantêm políticas expansionistas. Servem de exemplos o Q.E. (Quantitative Easing)
do Banco Central Europeu (BCE), do Banco do Japão (Boj), do Banco da Suíça, do
Banco da China, etc., bem como a redução dos juros da maioria esmagadora dos
países (são exceções a Rússia, Venezuela e Brasil).
Por mais que desagrade ao
“homem da tesoura” (o ministro Levy), a sua austeridade, está caminhando na
contra mão, pois o mundo desenvolvido continua dependente de gigantescos
estímulos monetários.
A equipe econômica
anterior lutou desesperadamente contra essa situação de crise e utilizou as
clássicas políticas keynesianas recomendadas. O ano eleitoral criou
dificuldades excepcionais e, para ganhar as eleições, o governo exagerou na
dosagem. Foi difícil agradar os banqueiros (juros altos), os empresários
(redução de impostos, desonerações) e os trabalhadores (salários, distribuição
de renda, criação de empregos) ao mesmo tempo. O caminho escolhido foi usar o
Estado, o que levou ao comprometimento do equilíbrio orçamentário e ao
endividamento. Era evidente que isto estava ocorrendo. O grande erro foi tentar
enganar a todos e não assumir publicamente a opção pela não criação do
superávit primário. Como resultado manteve-se o emprego e a renda, os bancos
nadaram na abundância e os empresários, a duras penas, sobreviveram, mas o
Estado chegou à beira da ruptura.
Para complicar, caíram
sobre todos, as fúrias do destino, com a crise das chuvas (e da energia), a
ganância da corrupção (com o caso “petrolão”) e o prolongamento da crise
mundial.
Neste início de 2015 a
situação da economia global continua no impasse, a crise da Petrobras deve
agravar-se e atingir empresas em cadeia (setor siderúrgico, construção naval,
empreiteiras, etc.), a crise hídrica e do setor elétrico mantém-se e a nova
equipe econômica, possuída pela sua ideologia liberal fanática imposta pelo
chicago boy Levy, empurra a economia para o fundo do poço.
Não temos qualquer dúvida
e alertamos os leitores para o agravamento da situação da economia nacional,
neste 2015. Haverá desaceleração da indústria, com possibilidade de fechamento
de empresas, desemprego, redução de salários, elevação de juros e queda no
consumo. O Banco Central (BC) continuará com sua estúpida elevação da taxa de
juros Selic que não vai conter a inflação que estourará o teto da meta, pois os
juros altos não fazem chover nem afetam os preços administrados pelo governo.
O cinismo com que o
governo Dilma e o PT tentam enganar o povo, escondendo as consequências da
política que pretendem implementar, poderá levá-los à desmoralização e a um fim
melancólico.
É isto que nos espera nos
próximos meses. Preparemo-nos todos!
[i] Professor
Emérito da UFPB e Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na
Economia Brasileira progeb@ccsa.ufpb.br);
(www.progeb.blogspot.com).