Semana de 05 a 11 de novembro de 2012
Nelson Rosas Ribeiro[i]
Felizmente os resultados das eleições dos EUA, com a
vitória de Obama, fez o mundo respirar aliviado. Todos temiam o retorno da
intransigência belicista dos republicanos, com a cara bonita e racista do
Romney. Quase ao mesmo tempo, o congresso do PC Chinês, que é chinês, mas nada
tem de comunista, arrasta-se sem grandes novidades (mas muitos segredos), na
mesma direção do seu capitalismo selvagem associado aos novos mandarins da
burocracia partidária. O pior é que, com o pretexto da arenga territorial com
os japoneses, o gigante amarelo ameaça tornar-se uma potência marítima.
Essas mudanças na direção política das duas maiores
potências mundiais, certamente, terão consequências no conturbado cenário
econômico mundial. Obama continua diante do desafio do que se chama “abismo
fiscal” e sendo obrigado a remendar o tremendo buraco de US$ 600 bilhões, com a
elevação de impostos e corte de gastos, em uma economia que se arrasta na
ladeira da recuperação. Os chineses, enfrentando a sua desaceleração e jurando
fidelidade aos princípios do controle do estado e do partido sobre a economia,
são obrigados a controlar uma crescente inquietação social, provocada pelas
duras condições de trabalho que impõem a seus operários, para a felicidade e
proveito dos capitalistas internacionais comodamente instalados em seu
território.
Enquanto isso, as coisas,
na Europa, continuam a se arrastar. No reino Unido, o Instituto Nacional de
Pesquisa Econômica e Social (NIESR) publica, em um relatório, que a economia
britânica continuará em depressão por mais dois anos. O PIB do país ficará 2,8%
abaixo dos níveis de 2008, o que é considerado a maior depressão desde 1920.
Na Alemanha, Angela Merkel admite que a crise da dívida
soberana da União Européia (UE) deve durar, pelo menos, mais 5 anos e apela
para maior austeridade. Na Itália, o instituto oficial de estatística (Instat)
admite, para este ano, uma contração de 2,3% do PIB. A França, mesmo sob o governo
“socialista”, anuncia uma elevação dos impostos (IVA) e cortes nos gastos. A
Grécia continua oscilando entre sair da zona do euro ou ter parte de suas
dívidas perdoadas e os juros reduzidos, enquanto se afoga em greves e
manifestações violentas.
Todo este ambiente depressivo é analisado pelas
autoridades brasileiras que admitem que há ameaças concretas de uma onda de
deterioração da economia mundial e, apesar de todas as medidas de estímulos
adotadas internamente, a economia brasileira apresenta fracos sinais de
recuperação. Segundo o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, o quarto
trimestre de 2012 não promete muito e, para 2013, não há boas expectativas.
Apesar de haverem sinais de crescimento “não dá para descartar a hipótese de
que este se revele mais lento do que muitos imaginam”.
A Confederação Nacional de Indústria (CNI) reconhece o
fraco desempenho da indústria, em setembro, e está revendo para baixo a sua
previsão de 1,5%, de crescimento do PIB. A balança comercial não reage aos
estímulos dados pelo governo com as taxas de importação e o controle do câmbio.
Em outubro, as exportações caíram 10,6% e as importações 7,6%, em relação ao
mesmo período do ano passado.
Segundo a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física,
do IBGE, em setembro, a produção industrial caiu 1%, em relação à agosto, e 3,8%,
em relação ao mesmo período de 2011. Dos 27 setores pesquisados, 16 tiveram
queda na produção.
A situação é de tal forma desanimadora que obrigou o
otimista ministro Mantega a reconhecer que, não conseguirá cumprir a meta do
superávit primário de 3,1% do PIB, ou seja, de R$ 139,8 bilhões, como uma
consequência da frustração das receitas.
Mas, apesar de tudo isto, há quem esteja muito feliz: os
condôminos dos “fly in communities”. São condomínios residenciais de luxo, que
estão sendo construídos no país, onde se pode parar o avião ao lado da casa e
contar com hípica, campo de golfe, de tênis, etc., nas áreas de lazer.
Isto é que é Brasil!
[i] Professor
Emérito da UFPB e Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na
Economia Brasileira progeb@ccsa.ufpb.br);
(www.progeb.blogspot.com).
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