Semana de 30 de março a 05 de abril de 2015
Nelson Rosas Ribeiro[i]
A notícia de maior
impacto da semana foi a divulgação do resultado da pesquisa encomendada ao
Ibope, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os dados mostram a
violenta queda da aprovação das pessoas ao governo Dilma. Em março de 2011,
quando começou seu primeiro governo, Dilma tinha a confiança de 74% da
população. Agora, esta confiança está reduzida a 24%. 64% das pessoas
consideram o governo ruim ou péssimo e 78% reprovam a maneira de governar da
presidente A desaprovação das várias ações do governo vai de 64%, para a
política de combate à fome e à pobreza, até 90% para a política fiscal,
passando pelos 85%, em relação à saúde. É um verdadeiro desastre que coloca o
PT no canto da parede e está levando o país a uma crise política de
consequências imprevisíveis.
Na base deste desgaste
certamente está o agravamento da situação econômica e o aprofundamento da crise
que vem fornecendo munição para os agressivos ataques da oposição e minado a
base política do governo.
Os dados continuam a
mostrar este agravamento. Pela primeira vez desde 2001, em 2014, a distribuição
de luz, água e gás caiu 2,6%, em relação ao ano anterior. A formação Bruta de
Capital Fixo, indicador para os investimentos, caiu 0,4%, de outubro a dezembro
de 2014, em relação ao trimestre anterior. Em todo o ano, a queda foi de -4,4%.
Estima-se o agravamento da situação, em 2015. De acordo com a pesquisa “Indicadores
Industriais”, da CNI, a utilização da capacidade instalada caiu de 80,9%, em
janeiro, para 79,7%, em fevereiro, o menor nível desde 2009. Em relação a
fevereiro de 2014, o número de horas trabalhadas caiu 9,5%, a massa salarial
caiu 4,6%, o rendimento médio real, 0,8% e o faturamento 9,6%. Segundo a
Fundação Getúlio Vargas (FGV), entre fevereiro e março o Índice de Confiança da
Indústria recuou 9,2%, atingindo 74,1 pontos, o menor nível desde janeiro de
2009.
O setor automotivo
continua penando. A Renault anunciou um prejuízo de R$ 270 milhões, em 2014. O
uso de “layoff” continua generalizado. A Ford vai demitir 137 operários da
fábrica de Taubaté. A Volkswagen afastará 570 operários em São José dos
Pinhais, no Paraná, com suspensão do contrato de trabalho por cinco meses. O
mês de março está sendo considerado como o pior março em sete anos, no que se
refere às vendas. A Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF),
divulgada pelo IBGE, mostrou um recuo da produção industrial de 0,9%, de
janeiro para fevereiro. Estima-se que esta produção será negativa no primeiro
trimestre e em todo o ano o recuo poderá atingir os 5%. O Boletim Focus do
Banco Central (BC) apresenta a estimativa de queda de 1% do Produto Interno
Bruto (PIB), em 2015. Para a produção industrial a previsão de queda é de
-2,42%.
O pessimismo generaliza-se
e atinge o varejo, os serviços e os pequenos negócios. Uma pesquisa realizada
em 48 milhões de domicílios urbanos, no final de 2014, mostrou que 52% da
população encontra-se comprometida com dívidas e está reduzindo o seu consumo.
Neste clima, o setor
financeiro se retrai, os juros sobem, os empréstimos caem e os especuladores
procuram aplicações seguras como os títulos públicos.
Apesar deste quadro
adverso e do agravamento da recessão, a inflação dispara ultrapassando o teto
da meta e aproximando-se dos 8%. Estamos diante do temido quadro da
estagflação, ou seja, desaceleração com inflação. Isto é demais para as
limitadas mentes que comandam o nosso BC. Nova elevação da taxa de juros Selic
já está sendo prometida para a próxima reunião do Copom.
Somando-se a isto o
impasse na situação internacional, que não dá sinais de recuperação, o
prosseguimento do processo do petrolão, que continua provocando fechamento de
empresas, e as ações do “homem da tesoura” (o ministro Levy) com sua política
fiscal restritiva, 2015 deverá ser um ano terrível.
Esta é a consequência de
ganhar o governo e executar a política econômica do adversário. O governo Dilma
está mesmo em apuros!
[i] Professor
Emérito da UFPB e Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na
Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com).
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