Semana de 02 a 08 de maio de 2016
Rosângela Palhano Ramalho
[i]
Caro leitor. A economia brasileira e mundial
continua a afundar. O destaque está na falta de perspectiva de recuperação da
economia global, principalmente pela divulgação dos resultados da indústria em
abril. Nos Estados Unidos, Zona do Euro, Japão e China, o índice de gerentes de
compras apurado pela Markit continua a apresentar queda.
Internamente, em meio às turbulências políticas,
quase não se fala da crise econômica e o problema passou a ser encarado como
questão do novo governo. Entretanto, o fenômeno está mais forte do que nunca e
se manifesta através da queda dos indicadores da atividade econômica real.
No acumulado até abril deste ano, as vendas de
automóveis caíram 25,7%. A General Motors demitiu 300 trabalhadores da fábrica
de Gravataí, depois de terminado o período de lay-off. O terceiro turno de
trabalho da fábrica já havia sido desativado e a companhia informou que como
não houve recuperação do mercado as demissões representam a única saída.
O faturamento industrial voltou a cair. Segundo a
Confederação Nacional da Indústria (CNI), em março, a queda foi de 1,2% se
comparada a fevereiro. Houve também, pelo 14º mês consecutivo, queda do emprego
de 0,6%. A utilização da capacidade instalada está em 77,4% e apresentou recuo
de 0,3 ponto percentual frente a fevereiro. O gerente-executivo de Política
Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, declarou que as projeções para este
ano ainda são de queda e que é “... necessário um esforço urgente de retomada
da atividade”, mas não disse de onde deve partir este “esforço”.
A Braskem, maior produtora de resinas das Américas,
sofre com a falta de demanda interna e prevê queda de 7% das vendas em 2016. A
saída segundo o seu presidente está na ampliação das exportações.
A Gafisa, uma das empresas líderes do mercado
imobiliário comercial e residencial de médio e alto padrão apresentou prejuízo
de 53,2 milhões de reais no primeiro trimestre.
No primeiro quadrimestre do ano, dispararam os
pedidos de recuperação judicial. De acordo com a Serasa Experian, em relação ao
mesmo período do ano passado, o aumento foi de 97,6%. Já os pedidos de falência
cresceram 4%.
O agravamento da situação econômica do país motivou
os bancos Itaú e Bradesco, a aumentarem a reserva contra calote de grandes
empresas. No Bradesco, as despesas com provisão para devedores duvidosos
cresceram 52,2% no primeiro trimestre, comparadas ao mesmo período de 2015, e
no Itaú, o aumento foi de 44%.
A crise se estende às empresas terceirizadas que
prestam serviços ao setor público. As prestadoras que realizam a limpeza,
jardinagem, segurança e alimentação que empregam milhões de trabalhadores,
registram alta do desemprego com a queda da arrecadação que tem provocado
atrasos dos pagamentos nas três esferas de governo.
Também no setor varejista, a situação se agrava. A
Máquina de Vendas, terceiro maior grupo de varejo eletroeletrônico do país,
fechará entre março e abril, de 100 a 130 pontos de vendas. Mesmo com receita
bruta de R$ 8,5 bilhões em 2015 a empresa viu seu resultado desacelerar em
torno de 10% sobre 2014.
Enquanto isso, os nossos representantes no
Congresso, costuram os interesses próprios e de seus pares no sentido de
abocanhar uma das fatias do bolo oferecidas em forma de ministério no próximo
governo. Enquanto Michel Temer costurava a queda da presidente Dilma,
certamente fatiou todo o governo em 21 pedaços, total de partidos que o
acompanhou na empreitada do impeachment. Agora o vice, encontra dificuldades em
manter o seu objetivo de cortar pelo menos 10 ministérios, já que com isso,
perderia apoio político para votar as “reformas”. É o novo governo que se forma
na base do velho troca-troca.
[i] Professora
do Departamento de Economia da UFPB e pesquisadora do Progeb – Projeto Globalização
e Crise na Economia Brasileira. (www.progeb.blogspot.com.br)
Contato: rospalhano@yahoo.com.br
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