Semana de 22 a 28 de agosto de 2016
Nelson Rosas Ribeiro[i]
O país parou. O drama do impeachment ocupou
todos os espaços. Somos obrigados a suportar todo o cinismo dos políticos e
infelizmente a Paraíba tem sido muito bem representada com soldados da tropa de
choque do Eduardo Cunha, como o candidato a vice-prefeito de Luciano Cartaxo
(Manoel Junior) e o governador cassado, hoje senador e líder do PSDB, Cássio
Cunha Lima, arvorando-se em porta-voz da moralidade.
Quando esta análise chegar às mãos dos
leitores o crime já estará consumado e o interino tornar-se-á efetivo. Como
planejado começará suas viagens a pavonear-se como presidente do Brasil.
A traição estará completa e começaremos a
ver a verdadeira cara dos democratas do novo bloco de forças no poder PMDB,
PSDB, CENTRÃO (com um Bolsonaro de quebra). A segurança já está garantida com
um caceteiro na justiça, um general na Segurança Interna e um comunista
arrependido na Defesa. O apoio das confederações de empresários industriais,
agrários e banqueiros também está consolidado e não faltará uma ampla base
parlamentar. Os partidos de direita também já construíram sua ponta de lança
dentro do movimento operário com a UGT e o Paulinho da Força que já se prepara
para criar uma filial dentro do movimento camponês com a recriação do
Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Com um PT desmoralizado pelos escândalos de
corrupção e os movimentos sociais debilitados e acostumados à proteção dos
órgãos públicos assistiremos (com maior ou menor violência) à destruição do
país e das conquistas dos trabalhadores.
As declarações e propostas já estão na
mesa. Há unanimidade em relação à previdência social, à legislação trabalhista,
à PEC da limitação dos gastos, a privatização de tudo o que houver para vender,
além da prometida austeridade fiscal. A tempestade cairá sobre uma economia debilitada
onde começam a surgir mínimos sinais de uma possibilidade de recuperação que,
na opinião de todos, será lenta e sofrida.
Paira ainda sobre todas as cabeças a
possibilidade do estouro de uma nova fase de crise na economia mundial. Há
sinais de desaceleração nos EUA, na União Europeia, na China, Japão, etc. Os
Bancos Centrais desses países, reunidos nos Estados Unidos, discutem o que
fazer e como justificarem suas próprias existências, pois não conseguem
descobrir novas políticas econômicas além do Quantitative Easing que têm vindo
praticando sem sucesso.
Não será fácil para o novo bloco no poder,
liderado por um político que começa sem legitimidade nenhuma.
Observando a economia verificamos que os
sinais de recuperação ainda são muito frágeis. Os fabricantes de embalagens
mostram que a queda na produção, no trimestre será de apenas 1,1%, contra
5,09%, no primeiro semestre. Alertam para a lentidão da retomada estimando que
só em 2017 a produção talvez cresça 1%. Em relação ao emprego a situação é pior.
Em julho, o setor formal eliminou apenas 91,6 mil vagas, mas continuará
negativo até o fim do ano. Nos serviços foram fechadas 32,2 mil vagas e na
construção, 17,5 mil. Sinal positivo veio do PIB paulista que cresceu 0.2%, no
segundo trimestre. A inadimplência de pessoas físicas ficou estável, mas a
concessão de crédito caiu fortemente, em julho, tendo o pior desempenho desde o
plano real. A queda no estoque poderá chegar a dois dígitos, no final do ano.
Para as pessoas jurídicas, a queda durante um ano, encerrado em julho, já foi
de 10,8%. A atividade do setor imobiliário, de janeiro a julho caiu 9,2%, de
acordo com o Índice da Atividade da Construção Imobiliária (IACI).
As perspectivas não são muito famosas e
todos pensam que a recuperação será muito lenta e as dúvidas são muitas quando
se discute quando começará. Como afirma o economista Bresser-Pereira “o fundo
do poço poderá se mostrar ainda mais embaixo”.
Imaginem o que ocorrerá quando a
austeridade fiscal prometida pela dupla Temer-Meirelles começar a ser
implementada!
[i] Professor
Emérito da UFPB e Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na
Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com).
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