Além de conturbada e cheia de incertezas, a recuperação da atividade econômica nos diferentes países vem se processando de maneira desarmônica, sendo desproporcional o ritmo de retomada apresentado pelas principais economias do globo.
Países emergentes como China, Índia e o próprio Brasil parecem demonstrar um fôlego maior na atual etapa do ciclo econômico, talvez porque estivessem defasados em etapas anteriores e agora se encontrem com mais ânimo para os investimentos do que os Estados Unidos e os países da Europa Ocidental. Segundo o instituto de pesquisas Ipsos Mori, na Índia, 85% dos consumidores consideram como boa a situação de sua economia. Na China, esse índice é de 77%, ao contrário do que ocorre em países como a Espanha, onde somente 5% dos consumidores veem com otimismo sua economia. Nos Estados Unidos, os consumidores otimistas em relação à economia representam apenas 18%.
Em sua última reunião, o comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed), Banco Central dos Estados Unidos, manteve a taxa de juros na faixa de zero a 0,25% ao ano e acrescentou em comunicado que “o ritmo da recuperação deve ser mais modesto no curto prazo do que havia sido antecipado”. Com efeito, os dados continuam indicando uma grande fragilidade na economia norte americana. Em junho, o déficit comercial do país aumentou mais do que o esperado, atingindo a marca de US$ 54,14 bilhões, já descontada a inflação. Outro indício de inércia na economia do país é o número de pedidos de seguro desemprego, que, de acordo com o Departamento de Trabalho, atingiu o total de 484 mil, o maior nível nos últimos seis meses.
Na zona do euro, o desempenho da produção industrial também decepcionou, ficando aquém das expectativas. Em junho, a produção industrial na União Européia registrou queda de 0,1%, após ter crescido 1,1% em maio, o que mostra a manutenção da instabilidade na região. As maiores economia do bloco, Alemanha e França, apresentaram uma retração de 0,5% e 1,6% na produção, respectivamente, cenário agravado pelo alto grau de endividamento de países como Espanha, Grécia e Portugal.
Em contraste, Brasil, Índia e China continuam apostando num ritmo mais acelerado de crescimento em relação às demais economias. Conforme o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a economia brasileira deve crescer entre 5,5% e 6,5% este ano, apesar da influencia negativa da elevação da taxa de juros (Selic) e da instabilidade do mercado externo. O índice de atividade econômica calculado pelo Banco Central (IBC-Br) mostrou que o ritmo de crescimento do PIB desacelerou, de 2,45%, no primeiro trimestre, para 1,32%, no segundo trimestre.
Um dos setores mais aquecidos, no Brasil, está sento o da Construção Civil, estimulado pelo programa de habitação do governo federal “Minha Casa Minha Vida”, que ampliou substancialmente as linhas de financiamento para a aquisição de imóveis, para as famílias de baixa renda. Isto está levando os fabricantes de materiais de construção a operarem a pleno vapor, como é o caso da Duratex, que durante este ano chegou a uma percentagem de 98% na taxa de ocupação de suas linhas de produção de metais. No mercado já se sente a falta de materiais como tijolo, cimento e vergalhões de ferro.
Na Índia, por sua vez, se aposta num crescimento superior a 8% em 2010, e os dados da China seguem apresentando expansão de dois dígitos, a exemplo da produção industrial que cresceu a uma taxa anualizada de 13,4%
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