Semana de 17 a 23 de dezembro de 2012
Eric Gil Dantas [i]
Chegamos aos 45 minutos
do segundo tempo. Esta é a última análise a ser publicada, em 2012, e já
podemos tirar algumas conclusões sobre este ano tão difícil para a economia
mundial e para o Brasil.
A primeira conclusão é
sobre a confiabilidade das previsões do nosso governo acerca da economia. O
Boletim Focus, do Banco Central do Brasil, faz a sua previsão final para o ano
de 2012: o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) será apenas de 1%. No
início do ano esta previsão era 3,3% (ainda bem abaixo dos 4,5% cantados pelo Ministério
da Fazenda). Segundo a coluna do Clóvis Rossi, neste último domingo na Folha de
São Paulo, a diferença de 2,3% de crescimento do PIB equivale a R$118 bilhões,
em dinheiro. Um erro bastante considerável.
Mas o governo já começa a
dizer que, em 2013, darão um jeito na economia. Em entrevista ao Valor
Econômico, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio
Holland, explica que o baixo crescimento do PIB, neste ano, foi consequência da
“nova matriz macroeconômica”, que combina juro baixo, taxa de câmbio
competitiva e uma consolidação fiscal “amigável ao investimento”. Ele ainda
afirmou que o custo inicial desta nova matriz já passou, e que agora o país
terá sólida base para o crescimento de longo prazo. Aguardemos.
Guido Mantega, em artigo
no mesmo jornal, endossou o discurso sobre os bons tempos que estão por vir,
neste ano de 2013. O ministro disse que “a era do ganho fácil e sem risco ficou
para trás, apesar do choro e ranger de dentes dos poucos que se beneficiavam da
situação”, mas que a “revolução” promovida pelo governo, se referindo à nova
matriz, leva algum tempo para surtir efeito.
Para inverter a tendência
de queda do PIB, em 2013, e desta vez garantir os prometidos 4% de crescimento,
a Fazenda reforçou suas medidas de estímulo. Foi anunciada uma nova desoneração
tributária, com um custo de R$6,8 bilhões. As medidas são: mais uma prorrogação
do IPI reduzido para o setor automotivo, linha branca e móveis e do Reintegra (programa
que devolve, sob a forma de crédito tributário ou dinheiro vivo, até 3% do
faturamento de exportações de bens manufaturados, como compensação de impostos
indiretos cobrados na cadeira produtiva) e a desoneração da folha de pagamento
para um novo setor, o varejista.
A segunda conclusão é de
que a crise atravessou 2012 e ainda não deu nenhum sinal de quando se
encerrará.
De acordo com a ONU, o
crescimento global do ano que vem será “medíocre”, de apenas 2,4%, o que será
insuficiente para superar a atual crise do emprego. Para a entidade, serão
necessários cinco anos até que a Europa e os EUA compensem as perdas de postos
de trabalho causadas pela recessão de 2008 – 2009.
Um exemplo da ainda forte
crise econômica, na Europa, são duas cidades do norte da Grécia. Por conta do
corte de 60% da verba para aquecimento de escolas, todas as escolas destas cidades
foram fechadas para evitar que as crianças congelassem. O país enfrentará o
sexto ano consecutivo de recessão em 2013, quando a economia deverá encolher
cerca de 4%, após uma contração de 6% projetada para 2012.
Mesmo na época de maiores
festividades do ano, a crise não dá trégua. O consumo para este final de ano será
baixo, principalmente no sul da Europa, de Lisboa a Atenas. A Comissão Europeia
divulgou os dados sobre a disposição de consumo da população, que caiu nos 17
países que compõe a região do euro, de 26,9 pontos em novembro, para 26,6.
É dentro deste cenário
que o Brasil terá de superar os baixos ritmos de crescimento e atingir o número
pretendido pelo Ministério da Fazenda. No entanto, 2013 não parece prometer
nenhuma boa surpresa para o país. A serem mantidos os prognósticos atuais, o crescimento
permanecerá baixo e as economias do mundo continuarão a patinar.
Que venha, pois, 2013!
[i] Economista
e pesquisador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira (progeb@ccsa.ufpb.br);
(www.progeb.blogspot.com).
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