Semana de 26 de dezembro de 2012 a 01 de janeiro de
2013
Rosângela Palhano Ramalho
[i]
Começamos desejando um feliz 2013 a todos os nossos
leitores!
Faz parte desses desejos, trazer boas notícias na área
econômica, nos dias vindouros. Mas, infelizmente, nesta primeira análise do
ano, isto ainda não é possível. A situação é idêntica à do início de 2012: Ano
Novo... Vida Velha.
O réveillon
tradicional do Rio de Janeiro festejou a chegada de 2013, queimando 24
toneladas de fogos em 16 minutos. Os ruídos dos festejos, certamente, não
chegaram à Base Naval de Aratu, na Bahia, onde se encontra a presidente Dilma,
descansando. Ela não teve motivos para comemorar, de novo. O final do ano
trouxe a má notícia: o PIBinho é uma realidade que se concretizará em 1% ou
menos. Pior que 2011. Tadinho do nosso “levantador de PIBs”, o ministro Mantega.
Não conseguiu sua façanha. Para nós, isto não é novidade, pois já sabemos que “economista
não engana capitalista”.
Ao constatarmos que a indústria empurrava a atividade
econômica ladeira abaixo, também anunciávamos que, pior do que estava, iria
ficar. É óbvio que o governo, de sua parte, envidou esforços tentando lutar
contra os efeitos da crise. Desonerou uma série de setores, travou guerra
contra os produtos importados, reduziu a taxa de juros, manipulou o câmbio, estimulou
o setor privado com a renovação das concessões e lançamento de novas, incentivou
o crédito através da redução do spread
bancário, etc. A última medida do ano foi a liberação do recolhimento dos
depósitos compulsórios de bancos. Aquelas instituições que destinarem recursos
financeiros ao Programa de Sustentação do Investimento (PSI), não terão a
obrigatoriedade de recolher o compulsório sobre aquelas cifras.
Com a ajuda das renúncias fiscais e não tendo conseguido
reduzir as despesas, em ano eleitoral, o governo amarga o pior desempenho
fiscal desde que Dilma assumiu. A meta de economia para o superávit primário
que era de R$ 139 bilhões, até agora, está longe de ser atingida. Só foram
cumpridos R$ 82,7 bilhões. Para aqueles que defendem a economia para pagamentos
de juros, isto é um mau sinal.
Além disso, os setores estimulados tem apenas reposto os
estoques e realmente não estão investindo, ou seja, a demanda maior está sendo
suprida pelos produtos importados, fato que não contribui para a economia
interna e ainda debilita a indústria nacional, que apresenta elevada capacidade
ociosa. Segundo alguns especialistas a saída pode estar nos investimentos
públicos em infra-estrutura, que, de forma indireta, estimula o setor privado.
O governo passou o ano tentando alavancar os
investimentos. Não conseguiu. A Formação Bruta de Capital Fixo caiu 5,63%, no
terceiro trimestre de 2012, mantendo a tendência negativa que se verificou
desde o início do ano.
A presidente, no programa “Conversa com a presidenta”,
quase que de joelhos, apelou aos empresários para que eles “acreditem e
invistam no nosso país”. O desespero de Dilma é explicado pelas falácias do fundamentalismo
de mercado que gerou a crença de que o intervencionismo “exacerbado” do governo
na economia tem inibido os investimentos. Estes excessos trariam incertezas
quanto ao cumprimento dos acordos feitos com a iniciativa privada. Acreditando
nisto, mais uma vez a presidente clama: “este é um governo [...] que respeita
contratos”.
Todos buscam os culpados pela não decolagem dos
investimentos. Uns culpam a própria Dilma que não seria “pró-mercado”. Outros culpam
Mantega e suas previsões desastrosas. O ministro que considerou a previsão do Banco
Credit Suisse, de 1,5% de crescimento, para o nosso PIB, “uma piada”, logo caiu
do cavalo e, otimista, fechou a sua previsão, novamente equivocada, em 2%. Crescem
os rumores de que o ministro pode perder seu posto em 2013, mas a presidente
garantiu que ele fica.
Os fatos aumentaram as distâncias entre as previsões da
equipe econômica e a tão problemática realidade. O governo cumpre sua missão e
continua acreditando que conseguirá despertar o ímpeto animal do empresário que
parece estar adormecido. Perseguindo este objetivo, a presidente Dilma, Tombini
e Mantega, saudaram o Ano Novo cantando assim:
♪♪Adeus ano velho, feliz ano novo. Que o PIB se realize
no ano que já chegou... ♫
Este é o desafio a ser vencido, cujo resultado pode
inviabilizar a reeleição de Dilma.
[i] Professora
do Departamento de Economia da UFPB e pesquisadora do Progeb – Projeto
Globalização e Crise na Economia Brasileira. (www.progeb.blogspot.com)
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