Semana de 03 a 09 de junho
de 2013
Antonio Carneiro de Almeida
Júnior [i]
Após a recente divulgação,
pelo IBGE, do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no 1º
trimestre de 2013, que foi de 0,53% em relação ao 4º trimestre de 2012, o
jornalismo econômico não para de discutir as causas deste fraco desempenho.
Vários economistas apontam uma série de problemas estruturais que devem ser
solucionados. Parece consenso que um dos principais é a debilidade infraestrutural.
Para José Márcio Camargo,
economista da Opus Investimentos e professor da PUC-Rio, da série de gargalos existentes
na economia brasileira, o principal é a baixa qualidade da infraestrutura. Juntando-se
ao coro, Gray Newman, economista-chefe para a América Latina do Morgan Stanley,
destaca que, dos três desafios que o Brasil deveria vencer para melhorar a
produtividade, “O primeiro deles é a infraestrutura física. É muito importante
o que as autoridades farão para melhorar estradas, portos, ferrovias e
aeroportos”. Então, que está sendo ou será feito?
No que tange à logística,
a coisa não vai bem. Diante da difícil situação da malha rodoviária, principal
sistema logístico do país, a privatização foi adotada como solução. Atualmente,
há sete trechos em processo de privatização. Já foi anunciado pelo governo, no entanto,
que os pedágios destes trechos poderão ficar até 62,33% mais caros do que o
previsto. Ao que parece, o frete médio brasileiro, que, de acordo com estudo da
Fiesp (dados de 2010), é de US$51,75 por cada mil toneladas por quilômetro, valor
270% maior do que o padrão de excelência internacional, não será reduzido tão
cedo.
Em relação aos portos, apesar
de ter prometido realizar, ainda este ano, as primeiras concorrências que serão
abertas, nos próximos meses, com a publicação dos editais de licitação de 159
terminais, duvida-se que o governo tenha capacidade de fazê-lo. Isso porque, de
acordo com Sérgio Aquino, sócio da Soluções Portuárias Aplicadas, após
implementação, nos anos 2000, de medidas contra a corrupção, os processos
licitatórios, que antes duravam de seis a oito meses, passaram a durar de dois
a três anos. Isto se traduz numa média de 0,58 novos terminais por ano, número
que, segundo os usuários, está abaixo da demanda por nova capacidade.
Na área de
telecomunicações, privatizada há alguns anos, o nível de oligopolização da
telefonia móvel retarda constantemente a implementação de novas tecnologias.
Não há muito tempo que operadoras foram proibidas de vender novas linhas em
virtude da qualidade dos seus serviços. A Tim, por exemplo, assim como outras
operadoras, foi obrigada a fazer grandes investimentos em melhoria dos serviços
para que esta decisão fosse revogada. Adotou recentemente uma tecnologia, a
VDS-TC, que reduzirá seus custos operacionais de 20% a 30%. Ou seja, a
lucratividade do setor é tão alta que bloqueia os avanços tecnológicos
prejudicando os consumidores. Só com imposições legais conseguem melhorar os
seus serviços e ganhar mais dinheiro.
Para completar nosso
quadro, no campo, a tão falada transposição do rio São Francisco, que se arrasta
há nove anos e custará mais da metade do previsto, é de fazer rir. Dos vários
problemas da obra, um dos mais cômicos é a falta de saneamento básico na cidade
de Monteiro (PB), fim da rota do projeto. O problema é que, como a água será
despejada no Rio Paraíba para então seguir para vários açudes, caso não seja
feito o saneamento, distribuir-se-á água poluída pelas populações a serem
beneficiadas.
Tudo que aqui dissemos
foi certificado por profissionais, pesquisadores e institutos de pesquisa públicos
e privados de reconhecimento nacional e internacional.
Cabe então a pergunta: seria esta uma posição
pessimista ou a pura realidade?
Nos parece que o personagem com resposta mais
apurada à pergunta que fizemos no título da presente análise é o protagonista
do vídeo “Tava ruim, tava bom, mas parece que piorou”, viral com mais de 800
mil acessos na internet. Nele, o indivíduo não identificado afirma: “‘Dá’ pra
melhor, com certeza. Quer dizer que ia ‘mudar melhor’, que... Já ‘tava bão’.
Disse que ia mudar ainda pra melhor. ‘Num tava muito bão’. ‘Tá mei’ ruim
também, ‘tava’ ruim. Agora parece que piorou...”
[i] Doutorando
em Desenvolvimento Econômico pelo PPGDE/UFPR e pesquisador do Progeb – Projeto
Globalização e Crise na Economia Brasileira progeb@ccsa.ufpb.br);
(www.progeb.blogspot.com).
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