Semana de 15 a 24 de julho de 2013
Nelson Rosas Ribeiro[i]
As tendências apontadas
na nossa Análise da semana passada continuam a evoluir: na economia mundial,
para melhor, e na economia nacional, para pior.
Os sinais de recuperação
na União Europeia (UE), embora ainda débeis, continuam a se intensificar. No segundo
trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) da zona expandiu-se 0,3%, em relação
ao primeiro e, em julho, espera-se a continuação da expansão. Há informações de
que a indústria voltou a crescer na Alemanha, Itália, França e Espanha. Também
no segundo trimestre, o PIB cresceu 0,7% na Alemanha, e 0,5% na França. Em
Portugal, o crescimento foi de 1,1%, primeiro crescimento desde 2010. Aumenta,
no entanto, o temor de que este crescimento se dê sem a redução das taxas de desemprego.
A economia dos EUA também
continua a apresentar melhoras, embora em níveis “modestos”. Crescem os receios
de que o Federal Reserve (Fed), banco central americano, inicie a redução dos
seus estímulos econômicos e aborte o processo de recuperação ainda insipiente.
Já a situação do Japão
não é tão animadora. O crescimento anualizado do PIB, que era estimado em 3,6%,
foi de 2,6%, no segundo trimestre. Pelo sexto trimestre consecutivo as empresas
continuam a cortar os investimentos.
Entre os emergentes, a
Índia encontra-se em dificuldades com a desvalorização da sua moeda (rúpia)
frente ao dólar, a saída de dólares do país e o aumento do déficit fiscal para
4,8% do PIB.
A situação no Brasil não
é das melhores. As ameaças do Fed têm feito o dólar disparar ultrapassando a
barreira de R$2,40, apesar da intervenção do Banco Central (BC), com leilões da
moeda americana, para conter a “flutuação suja”. Além disso, a inflação teima
em crescer apesar das declarações da “Presidenta” de que mantém o controle da
situação. O resultado é que o BC, na próxima reunião, já esgrime a espada dos
0,5% de aumento da Selic, permanecendo na sua política suicida de matar o
doente para acabar com a enfermidade, mantendo-se fiel no receituário da
ideologia econômica dominante (um viva para os bancos e as instituições
financeiras).
Os empresários,
cabisbaixos, consideram que a produção estabilizou-se em julho e que seguirá
uma trajetória lenta de recuperação, apesar das quedas dos índices de
confianças deles próprios e dos consumidores, em julho. No entanto, os primeiros
dados sobre o terceiro trimestre apontam para uma desaceleração. A produção de veículos,
entre junho e julho, caiu 6,8%; o fluxo de veículos pesados nas estradas recuou
0,5% e a expedição de papelão ondulado cresceu apenas 0,8%, não recuperando a
queda de 1,8% sobre junho.
O Boletim Focus do BC,
que sonda a opinião de cem instituições financeiras e consultores, mostra que também
as projeções para 2014 estão se deteriorando. As estimativas para o PIB deste
ano caíram de 3,5% para 2,5%, com novas previsões de quedas. Há quem reduza
este número para 1%. Em relação a 2013, as estimativas já caíram para 1,7%.
Fundamentando este “pessimismo”, a indústria paulista informou pretender fechar
5,5 mil vagas, em junho e julho, reduzindo 0,36% seus postos de trabalho e é
estimada a eliminação de mais 38 mil postos de trabalho até o fim do ano. Neste
ambiente, a notícia do enterro do grupo EBX do empresário Eike Batista
contribuiu para consolidar o pessimismo. Parece que o grupo chega ao fim.
Tomando como referência as cotações máximas atingidas pelas ações das empresas
do grupo, a queda geral foi de 90% do valor. Para dar exemplos: as ações da OGX
(petróleo) caíram de R$23,27 para R$0,39; as da OSX (indústria naval) caíram de
R$29,48 para R$1,03 e as da MMX (mineradora), de R$20,76, para R$1,1.
Se para os empresários a
situação não é confortável, para os trabalhadores é ainda pior. O Ministério Público
do Trabalho está processando a Samsung de Manaus pedindo uma indenização de
R$250 milhões, acusando a empresa de violação da lei, pois, os trabalhadores, além
de trabalharem em pé, têm uma jornada de 10 horas com direito a dois intervalos
de 10 minutos e executando 80 a 90 movimentos repetitivos por minuto, em
condições piores do que na China.
Êta capitalismo bão!
[i] Professor
Emérito da UFPB e Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na
Economia Brasileira progeb@ccsa.ufpb.br);
(www.progeb.blogspot.com).
Nenhum comentário:
Postar um comentário