Semana de 04 a 10 de agosto de 2014
Raphael Correia Lima Alves
de Sena[i]
Faltando menos de dois
meses para as próximas eleições, os candidatos à Presidência da República
seguem buscando apoio dos mais diversos setores da
sociedade. Nessa semana, a batalha política foi encapada na Confederação
Nacional da Agricultura (CNA), onde os candidatos Aécio Neves (PSDB), Eduardo
Campos (PSB) e, a atual presidente, Dilma Rousseff (PT) apresentaram suas
propostas aos ruralistas. Neste embate, na opinião de participantes do evento,
o senador tucano sagrou-se vencedor.
Enquanto a disputa pela
futura administração do país segue seu curso, a realidade econômica vem
apresentando uma série de dificuldades. O resultado da produção industrial
(Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física), referente ao mês de junho, e
divulgado pelo IBGE na semana passada, apontou recuo de 1,4% ante maio deste
ano, feitos os ajustes sazonais. É o quarto mês seguido de queda desse
indicador. A indústria de veículos continua a apresentar maus resultados.
Apesar da redução do estoque, as montadoras ainda não atingiram o patamar
considerado ideal, ocasionando a necessidade de adequação da produção. Nesse
cenário, as empresas como Ford, Mercedes-Benz, Volkswagen, MAN e General Motors
já recorrem, ou indicam que irão recorrer, ao conhecido “layoff”, regime que afasta
os operários da produção por um prazo de até cinco meses, período em que parte
dos seus salários é custeada pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). A
Whirlpool, proprietária das marcas Consul, Brastemp e Kitchen Aid, que já havia
concedido férias coletivas em junho, a uma parte de seus trabalhadores, estuda
a possibilidade de decretá-las novamente. A Electrolux também concedeu férias
coletivas no mesmo período.
No entanto, a divulgação
do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês de julho trouxe um alento
ao governo. A inflação oficial foi de 0,01% no mês e no acumulado de 12 meses
ela retornou ao teto da meta de 6,5%. As reduções dos preços das passagens
aéreas e hotéis, que vinham aquecidos por conta da Copa do Mundo, tiveram
significativa importância na desaceleração da inflação oficial.
Já na União Europeia a
situação também não anda nada animadora. A Itália já se apresenta em um quadro
de recessão, enquanto que as encomendas na Alemanha registram redução de 3,2%. Vale
salientar que os germânicos, maior parceiro comercial da Rússia na Europa, vêm
sendo bastante prejudicados com a crescente tensão política em torno da
Ucrânia. Aproveitando-se da situação, o governo brasileiro já buscou uma
aproximação comercial visando exportar alguns produtos alimentares para os
russos.
A economia mundial ainda
anda cambaleante, não apresentando uma efetiva recuperação da crise de 2008. Ao
analisar os dados europeus da última semana, o economista-chefe do Commerzbank
em Frankfurt, Jörg Krämer, teceu o seguinte comentário: “Os dados de hoje
[semana passada] são um motivo sério de preocupação e confirmam que, no melhor
dos casos, a recuperação na zona do euro ainda é lenta”. A União Europeia ainda
espera que o pacote de medidas de estímulo anunciado pelo Banco Central Europeu
(BCE), há dois meses, surta efeito e coloque a economia do velho continente de
volta nos eixos.
Por fim, vale registrar a
inusitada notícia publicada pelo jornal Financial Times que indica uma queda de
novas adesões ao Partido Comunista da China (PC). O que a primeira vista
aparenta ser uma notícia comum, torna-se curiosa quando se busca descobrir o
motivo dessa redução. Há vinte meses o presidente da China, Xi Jinping, iniciou
um enfrentamento à corrupção em seu país e este é o motivo da diminuição no
número de novos ingressantes no PC, pois essa cruzada reduziu a “atratividade”
de se trabalhar para o Estado. Nas palavras do professor de política da
Universidade de Renmin de Pequim, Zhang Ming, “sejamos francos, muitos jovens
querem esses empregos no governo porque eles assim conseguem uma oportunidade
de ganhar dinheiro com a corrupção”, situação que seria cômica se não fosse
verdade.
Imagina se essa moda pega
no Brasil?
[i] Advogado
e Pesquisador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira progeb@ccsa.ufpb.br);
(www.progeb.blogspot.com).
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