Semana de 06 a
12 de outubro de 2014
Raphael Correia
Lima Alves de Sena[i]
A
última semana foi marcada pela divulgação do Índice de Preço ao Consumidor
Amplo (IPCA) do mês de setembro. O principal indicador da inflação no Brasil
apresentou alta de 0,57%, atingindo 6,75% no acumulado dos últimos 12 meses. Esse
resultado superou negativamente as projeções de analistas, que previam uma alta
em torno de 0,49%. Desta forma, o IPCA estourou mais uma vez o teto da meta
(6,5%). No entanto, o governo continua com a previsão oficial para inflação de
6,2%, no final do ano, mantendo-se, assim, dentro do limite de tolerância do
regime de metas.
Além
disso, o governo também está encontrando problemas com o cumprimento da meta de
superávit primário – o dinheiro que o governo consegue economizar para pagar
juros da dívida pública. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou que o
superávit primário brasileiro ficará em 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB),
abaixo da meta oficial de 1,9%. Confirmando a expectativa do FMI, a arrecadação
dos tributos federais (exceto a contribuição à Previdência Social) em setembro,
apresentou uma redução quando comparado com o mesmo mês de 2013, segundo dados
preliminares. Se essa situação se mantiver, será o quinto déficit primário
mensal consecutivo neste ano, fazendo com que se torne mais difícil o
cumprimento da meta fiscal.
No que
concerne ao crescimento do PIB brasileiro, o FMI reduziu suas estimativas, para
2014, de 1,3% para 0,3%. Entretanto, essa redução na expectativa de crescimento
não foi exclusividade para o Brasil. Para o mesmo ano, o Fundo cortou a
perspectiva de crescimento global, de 3,4% para 3,3%. Além disso, pelas
previsões do FMI há 30% de chance da zona do euro enfrentar um período
deflacionário e 40% de probabilidade de entrar em recessão. A recuperação da
economia foi considerada “fraca e desigual” e o economista-chefe do Fundo,
Olivier Blanchard, afirmou que o crescimento econômico global é “medíocre” na
reta final de 2014.
Sinais
mais fortes de recuperação são vistos em pelo menos dois países desenvolvidos.
De acordo com Blanchard, os Estados Unidos e o Reino Unido “estão deixando a crise para trás e obtendo crescimento
decente, embora ambos apresentem crescimento potencial abaixo do que tinham no
início dos anos 2000”. A previsão para o crescimento do PIB
norte-americano saltou de 1,7% para 2,2%, enquanto que o britânico se manteve
estável em 3,2%.
Voltando
a falar do nosso país, a corrida eleitoral continua a ditar as oscilações das
bolsas de valores. A cada nova pesquisa de intenção de votos divulgada as
empresas incluídas no denominado “kit eleição” apresentam alta com um
crescimento do candidato do PSDB, Aécio Neves, e movimento contrário com alta
da candidata do PT, Dilma Rousseff. Vale lembrar que esse kit já foi denominado
de “kit Marina” quando a candidata apareceu em segundo lugar, em diversas
pesquisas divulgadas.
Após o
primeiro turno das eleições, já podemos falar em um grande vencedor. A maior
bancada suprapartidária do Congresso Nacional, os ruralistas, deverão chegar a
273 parlamentares, entre deputados e senadores, de acordo com a Frente
Parlamentar da Agropecuária (FPA). Antes da eleição, a bancada contava com 205
parlamentares. A sua principal prioridade é aprovar a Proposta de Emenda
Constitucional (PEC) 215/2000, que transfere para o legislativo a decisão sobre
demarcação de terras indígenas. Coitados dos índios!
Com o
fraco desempenho da economia brasileira neste ano, a arma da campanha petista é
a taxa de desemprego. Em 2010 a taxa era de 6,9%, atualmente, encontra-se em
4,9%, resultado nunca visto no país. Enquanto que, do lado do PSDB, o alvo deve
ser o “7x1”, inflação perto de 7% e crescimento abaixo de 1%, frase cunhada por
Armínio Fraga, futuro ministro da fazenda, numa eventual vitória do partido.
Não bastasse isso, o depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo
Roberto Costa, colocou o Partido dos Trabalhadores no centro de mais um
escândalo de propinas. Há uma forte possibilidade de que acusações de corrupção
e desvio de dinheiro público seja o carro chefe da campanha para ambos os partidos.
No fim,
mais uma vez, os debates sobre o futuro do Brasil deverão ser colocados em
segundo plano.
[i] Advogado
e Pesquisador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira progeb@ccsa.ufpb.br);
(www.progeb.blogspot.com)
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