Semana de 15 a 21 de dezembro de 2014
Nelson Rosas Ribeiro[i]
O final do ano
aproxima-se rapidamente e nós aproveitamos para desejar aos nossos leitores um
Feliz Natal e muita sorte em 2015. Recomendamos a todos que aproveitem as
festividades com moderação e evitem dívidas, pois, como afirma a colunista
Claudia Safatle do jornal Valor Econômico, a situação em 2015 será “o
superlativo de péssima”.
De fato, há uma
conjugação de fatores adversos que complicam a economia mundial e amplificam os
problemas internos. 2014 está tendo um fim melancólico. A desaceleração da
economia (a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deverá situar-se
próxima à zero) e o aumento da inflação (que ameaça estourar o teto da meta)
começam a ter repercussão no desemprego e na elevação do custo de vida, o que
reduz o poder aquisitivo dos salários.
Para azar nosso a
natureza não está colaborando e a falta de chuvas vem provocando a crise
hídrica e do setor elétrico. Também nada se pode esperar do exterior, pois
continua a desaceleração da União Europeia (UE) e da China, agrava-se a crise
no Japão e na Rússia que caminha para o crescimento negativo. Isto tudo afeta
as exportações brasileiras que estão em queda. Até a esperança no lento
crescimento dos EUA apresenta-se como uma ameaça, pois vem provocando a
valorização do dólar com a consequente desvalorização do real. O aspecto
positivo que a esta desvalorização poderia ter para as nossas exportações é em
boa parte, anulado pela queda da demanda internacional e dos preços das
commodities.
É sobre este tumultuado
ambiente econômico que desaba o escândalo da Petrobras afetando a credibilidade
da nossa maior empresa e arrastando as maiores empreiteiras do país. Como elas
são responsáveis pela grande maioria dos contratos das obras públicas em
andamento a situação tem desdobramentos perigosos. Outro processo que está em
marcha é o que atinge os altos escalões da política. Pairam no ar as denúncias
aguardadas para os primeiros meses do ano que se aproxima.
A fase de crise do ciclo
econômico que vem se desenvolvendo nos últimos dois anos no Brasil, tem sido
enfrentada pelo governo Dilma com medidas de política anticíclica. Estas
medidas, que envolvem aumento das despesas, vêm comprometendo a formação dos
superávits primários (reservas para pagamento dos juros da dívida). O governo
tenta esconder o efeito perverso do aumento das despesas com manobras contábeis
que contribuíram para o descrédito do ministro Mantega. Durante o ano de 2014,
ano de eleições, a situação agravou-se ainda mais e era evidente que o
superávit prometido pelo governo não seria atingido. Em vez de assumir a
responsabilidade pela política anticíclica adotada, que tem garantido o alto
nível de emprego e renda, e anunciar que iria reduzir ou zerar o superávit
primário do ano, o governo preferiu tentar enganar os agentes econômicos
escondendo os dados. O resultado foi a desgastante correria dos últimos dois
meses para aprovar um projeto que autorizava o governo, a posteriori, a reduzir
o superávit para R$ 10 bilhões. O governo conseguiu aprovar o seu projeto, mas
a crise está em marcha acelerada. A nova equipe econômica (Levy na Fazenda,
Barbosa no Planejamento e Tombini no Banco Central), liderada pelo homem da
tesoura (Levy), prepara o seu programa de austeridade, para reduzir a retalhos
a economia do país. E os prejudicados não serão apenas os trabalhadores
assalariados. Com desemprego não há consumo. Sem consumo não há produção.
Preparem-se todos para as falências e o choro das madames desmamadas, com o
corte dos financiamentos dos bancos estatais, com o aumento das taxas de juros
(comandado pela SELIC) e das subvencionadas (como a TJLP), com a alteração dos
programas, como o PSI, que estimulava os investimentos em máquinas e
equipamentos, etc. Isto já começou.
E ainda nos vem o
presidente do PT, Rui Falcão, declarar, em uma entrevista, que “Não vamos
cancelar direitos, não vamos promover arrocho e não vamos promover o
desemprego.”
A quem ele pensa que vai
enganar?
Cuidado companheiro! Diz
a sabedoria popular que a mentira tem pernas curtas!
[i] Professor
Emérito da UFPB e Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na
Economia Brasileira progeb@ccsa.ufpb.br);
(www.progeb.blogspot.com).
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