Semana de 08 a 14 de dezembro de 2014
Raphael Correia Lima Alves
de Sena[i]
Após a escolha da nova
equipe econômica do governo, o time chefiado pelo novo ministro da Fazenda, Joaquim
Levy, começa a estruturar os seus ajustes na política fiscal. O plano é uma
elevação das receitas e a manutenção das despesas. De acordo com o novo anexo
de metas fiscais da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2005, o valor de
R$1,435 trilhão é projetado para a receita bruta total, ou seja, 25,99% do PIB.
Já a despesa primária total foi mantida em R$ 1,379 trilhão (24,98%). As
mudanças na LDO indicam que o ajustamento das contas públicas ocorrerá através
de uma redução do superávit primário para 1,2%, ante a previsão anterior de 2%,
e uma elevação da carga tributária.
As indústrias seguem apresentando maus resultados. Em
pesquisa realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV), sete dos 14 ramos
industriais pesquisados apontaram um volume acima do normal de mercadorias
estocadas. Nas categorias de bens de capital e de bens duráveis, 44,8% dos
industriais consideraram que estavam com estoque excessivo, em novembro. A
indústria automobilística continua com as férias prolongadas e demissões. A
Volvo demitiu 206 operários da fábrica de Curitiba (PR), a MAN tenta congelar
os salários de seus operários, enquanto que a Mercedes-Benz fechou acordo para
não reajustar os salários acima da inflação até 2017.
Seguindo a cadeia de produção dos automóveis, a Pirelli,
maior fabricante de pneus do país, concedeu férias de três semanas aos seus
operários. A Bridgestone também seguiu o mesmo caminho. O setor sofre com o
desaquecimento do mercado de veículos, pois as montadoras reduziram em 18% as
compras de pneumáticos neste ano. Outro dado negativo vem do emprego no setor
industrial. A ocupação recuou pelo 37º mês seguido, quando comparada com o
mesmo período do ano anterior. Além disso, de acordo com a Pesquisa Industrial
de Emprego e Salário (Pimes), do IBGE, a indústria está reduzindo o custo de
mão de obra.
Ao redor do globo, a Grécia volta à tona com a
possibilidade do partido radical de esquerda Syriza chegar ao poder. Caso isso
se torne realidade, o programa de austeridade e as reformas que ocorreram após
o resgate do país em 2009 podem ser extintas. Exportações desacelerando e ameaça
de deflação coloca a China em uma posição não muito confortável. O governo
chinês tenta conter a persistente desaceleração da economia, orientando bancos
a emprestar mais dinheiro. Enquanto isso, o emprego tem melhor ano nos Estados
Unidos da América desde 1999. Isso faz com que o “mercado” comece a especular
sobre a elevação da taxa básica de juros da economia norte-americana. Todas as
atenções estão voltadas para as próximas comunicações do Federal Reserve (banco
central dos EUA).
O petróleo continua ocupando as principais manchetes dos
jornais econômicos do mundo. O barril chegou a ser cotado a menos de US$ 65
pela primeira vez em cinco anos. Enquanto Jordânia, Egito, Israel e Japão comemoram,
outros países que possuem a economia fortemente atrelada a essa commodity, como
Irã, Síria, Rússia e Venezuela, estão com as contas públicas bastante
prejudicadas. As petrolíferas, que projetavam um preço do petróleo maior para
os próximos anos, estão revendo seus investimentos.
Aqui no Brasil o petróleo, ou melhor, a Petrobrás também
vem ocupando espaço de destaque nos noticiários. No entanto, o principal motivo
está relacionado com o caso de corrupção e desvio de dinheiro público que, de
acordo com o jornal Valor Econômico,
foi de pelo menos R$ 20 bilhões. Na esteira da operação Lava-Jato, o Ministério
Público Federal denunciou 36 pessoas envolvidas no escândalo e pede indenização
de cerca de R$ 1 bilhão em reparação de desvios.
Não bastassem todas as descobertas da investigação, uma
ex-gerente executiva da empresa, Venina Velosa da Fonseca, diz que informou à diretoria
da Petro, incluindo a presidente Graça Foster, das irregularidades existentes
em diversos contratos. Segundo Venina, após as denúncias, ela foi perseguida e
afastada da empresa no dia 19 de novembro. Ela irá depor ao Ministério Público
e novas bombas deverão vir por aí. Ao lado de toda essa roubalheira, a
Petrobras, que participa como “parceira estratégica” do Fórum da Davos, faz
parte da Iniciativa Anticorrupção do evento.
[i]
Advogado e Pesquisador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia
Brasileira progeb@ccsa.ufpb.br);
(www.progeb.blogspot.com).
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