Semana de 07 a 13 de setembro de 2015
Nelson Rosas Ribeiro[i]
Tanto a economia nacional
como a economia mundial continuam a manter as mesmas linhas de evolução dos
últimos meses. Não há nenhuma notícia que nos faça mudar os prognósticos até
agora feitos.
Para a economia mundial, o
panorama é de estagnação. Em algumas áreas há recuperação muito lenta (EUA e UE).
Em outras, agrava-se a situação (China e Japão). A China continua a preocupar e
comprometer economias poderosas como os Estados Unidos. A situação é tal que o
Banco Central chinês procura reforçar o controle de saída de capitais na
tentativa de segurar a desvalorização do Yuan. Sua última intervenção no
mercado cambial atingiu o montante de US$ 200 bilhões. O Japão já reconheceu o
fracasso do abenomics (política econômica do ministro Shinzo Abe) e o Banco
Central japonês (BoJ) já declarou a intenção de fazer um novo relaxamento
monetário (quantitative easing) ampliando a compra de ativos (títulos podres). A
União Europeia arrasta-se sem resolver a questão da Ucrânia e tendo de
enfrentar o problema dos refugiados da África. Cinicamente, fala-se e
lamenta-se o horror dos afogamentos no Mediterrâneo e a barbaridade das guerras
que obrigam as populações ao exílio. No entanto, ninguém fala que os
responsáveis pela produção e venda das armas que matam são os grandes países
capitalistas desenvolvidos, principalmente Alemanha, EUA, Rússia, Inglaterra,
etc. Os terroristas e os grupos fanáticos islâmicos não possuem nenhuma fábrica
de armas munições ou qualquer veículo militar. Todas as bombas e armas
utilizadas nas guerras foram fabricadas nos civilizados países capitalistas. Mas
ninguém pergunta quem as colocou lá e como.
Sem qualquer ajuda da
economia mundial, o Brasil afunda-se em sua crise e a situação continua a
agravar-se. Faço em seguida um pequeno resumo para relembrar a degradação do
panorama.
Segundo o Boletim Focus
do Banco Central, os prognósticos para três importantes indicadores mudaram
radicalmente entre o começo do ano e agora. O IPCA, que mede a inflação, passou
de 6,56% para 9,2%. A taxa de câmbio, de R$2,80 para R$3,60. O crescimento do
PIB passou de +0,5% para -2,44%. No segundo trimestre a queda do PIB foi de
1,9%. A produção industrial de julho voltou ao nível de seis anos atrás. A
produção de alimentos e bebidas caiu 6,2%. O desemprego aumenta resultando na
redução do consumo o que provoca retração no comércio e na produção. A utilização
da capacidade instalada chegou a 78,6%, no início do segundo semestre. De
janeiro a julho desapareceram 547,4 mil postos de trabalho e, no segundo
trimestre, a taxa de desemprego chegou a 8,3%, segundo a Pesquisa Nacional por
Amostragem de Domicílio (Pnad).
O resultado disto foi o
rebaixamento da classificação do Brasil, feito pela agência de classificação de
risco Standard & Poor’s. A nota dada ao Brasil passou de BBB- para BB+ o
que significa que o país perdeu o tão almejado “grau de investimento”
(certificado de bom pagador) e passou a categoria de nível especulativo, ou
seja, possível caloteiro. Em sequência foram rebaixadas várias empresas do país
entre as quais os maiores bancos como o Itaú, Santander Brasil, Bradesco, Banco
do Brasil, Caixa e BNDES. De joelhos, a nação reza para que as duas outras
agências Fitch Ratings e a Moody’s não façam o mesmo, pois a situação ficaria
difícil para o governo.
Enquanto isso a crise
política se agrava com as delações que comprometem o PMDB e os presidentes da Câmara
e do Senado, e com a possibilidade de rejeição das contas do Governo Dilma pelo
Tribunal de Contas da União (TCU). A oposição não perdeu tempo e lançou a
campanha pelo impeachment da presidente.
Sob pressão, o governo,
após uma série de reuniões, apresentou um plano para aplacar a fúria do
“mercado” e remendar o desastroso orçamento deficitário enviado ao parlamento. Nessa
nova proposta pretende-se atingir um superávit de 0,7% do PIB recorrendo-se a
um corte de despesas de R$26 bilhões e aumento da receita com impostos de R$40
bilhões (com a recriação da CPMF), assunto que será objeto de tratamento de
nossa próxima análise.
A semana foi pesada!
[i] Professor
Emérito da UFPB e Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na
Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com).
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