quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Pânico! Standard & Poor’s rebaixa o Brasil

Semana de 07 a 13 de setembro de 2015

Nelson Rosas Ribeiro[i]

Tanto a economia nacional como a economia mundial continuam a manter as mesmas linhas de evolução dos últimos meses. Não há nenhuma notícia que nos faça mudar os prognósticos até agora feitos.
Para a economia mundial, o panorama é de estagnação. Em algumas áreas há recuperação muito lenta (EUA e UE). Em outras, agrava-se a situação (China e Japão). A China continua a preocupar e comprometer economias poderosas como os Estados Unidos. A situação é tal que o Banco Central chinês procura reforçar o controle de saída de capitais na tentativa de segurar a desvalorização do Yuan. Sua última intervenção no mercado cambial atingiu o montante de US$ 200 bilhões. O Japão já reconheceu o fracasso do abenomics (política econômica do ministro Shinzo Abe) e o Banco Central japonês (BoJ) já declarou a intenção de fazer um novo relaxamento monetário (quantitative easing) ampliando a compra de ativos (títulos podres). A União Europeia arrasta-se sem resolver a questão da Ucrânia e tendo de enfrentar o problema dos refugiados da África. Cinicamente, fala-se e lamenta-se o horror dos afogamentos no Mediterrâneo e a barbaridade das guerras que obrigam as populações ao exílio. No entanto, ninguém fala que os responsáveis pela produção e venda das armas que matam são os grandes países capitalistas desenvolvidos, principalmente Alemanha, EUA, Rússia, Inglaterra, etc. Os terroristas e os grupos fanáticos islâmicos não possuem nenhuma fábrica de armas munições ou qualquer veículo militar. Todas as bombas e armas utilizadas nas guerras foram fabricadas nos civilizados países capitalistas. Mas ninguém pergunta quem as colocou lá e como.
Sem qualquer ajuda da economia mundial, o Brasil afunda-se em sua crise e a situação continua a agravar-se. Faço em seguida um pequeno resumo para relembrar a degradação do panorama.
Segundo o Boletim Focus do Banco Central, os prognósticos para três importantes indicadores mudaram radicalmente entre o começo do ano e agora. O IPCA, que mede a inflação, passou de 6,56% para 9,2%. A taxa de câmbio, de R$2,80 para R$3,60. O crescimento do PIB passou de +0,5% para -2,44%. No segundo trimestre a queda do PIB foi de 1,9%. A produção industrial de julho voltou ao nível de seis anos atrás. A produção de alimentos e bebidas caiu 6,2%. O desemprego aumenta resultando na redução do consumo o que provoca retração no comércio e na produção. A utilização da capacidade instalada chegou a 78,6%, no início do segundo semestre. De janeiro a julho desapareceram 547,4 mil postos de trabalho e, no segundo trimestre, a taxa de desemprego chegou a 8,3%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (Pnad).
O resultado disto foi o rebaixamento da classificação do Brasil, feito pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s. A nota dada ao Brasil passou de BBB- para BB+ o que significa que o país perdeu o tão almejado “grau de investimento” (certificado de bom pagador) e passou a categoria de nível especulativo, ou seja, possível caloteiro. Em sequência foram rebaixadas várias empresas do país entre as quais os maiores bancos como o Itaú, Santander Brasil, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa e BNDES. De joelhos, a nação reza para que as duas outras agências Fitch Ratings e a Moody’s não façam o mesmo, pois a situação ficaria difícil para o governo.
Enquanto isso a crise política se agrava com as delações que comprometem o PMDB e os presidentes da Câmara e do Senado, e com a possibilidade de rejeição das contas do Governo Dilma pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A oposição não perdeu tempo e lançou a campanha pelo impeachment da presidente.
Sob pressão, o governo, após uma série de reuniões, apresentou um plano para aplacar a fúria do “mercado” e remendar o desastroso orçamento deficitário enviado ao parlamento. Nessa nova proposta pretende-se atingir um superávit de 0,7% do PIB recorrendo-se a um corte de despesas de R$26 bilhões e aumento da receita com impostos de R$40 bilhões (com a recriação da CPMF), assunto que será objeto de tratamento de nossa próxima análise.
A semana foi pesada!

[i] Professor Emérito da UFPB e Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com).

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