Semana de 16 a 22 de
novembro de 2015
Rosângela Palhano Ramalho
[i]
Caro leitor. A novela nacional que trata da troca
dos seis por meia dúzia continua. A presidente Dilma Rousseff segue resistindo
às pressões do ex-presidente Lula para a substituição do ministro da Fazenda
Joaquim Levy por Henrique Meirelles. A demissão do ministro vem sendo cogitada
há pelo menos três meses e, na opinião de Lula, só a recuperação econômica será
capaz de resgatar a popularidade da presidente, do PT e obviamente, da sua
candidatura à presidência da República em 2018. Mas o “candidato” ao cargo é
exigente demais. Meirelles, só o aceita, segundo conversas de bastidores, se,
sob o seu poder, estiver a indicação de novos nomes para o Ministério do
Planejamento e para o Banco Central. Dilma ao que parece, jamais tolerará imposições.
Por esta razão, outros nomes são mencionados, como o do presidente do Bradesco,
Luiz Carlos Trabuco Cappi e Otaviano Canuto, diretor executivo do Fundo
Monetário Internacional (FMI). Por enquanto, a presidente declara que “o
ministro fica onde está” e levou-o a tiracolo para a reunião do G-20.
O quadro de crise continua a se agravar. A Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) detectou, em 2014, o aumento da desigualdade de renda no
Sudeste, embora o indicador nacional tenha apresentado, em relação a 2013, uma
leve melhora. O Índice de Gini, medida da desigualdade de renda, caiu de 0,495
para 0,490 (quanto mais próximo de zero menor a desigualdade). A taxa de
desemprego aumentou de 6,5% para 6,9%. Estes resultados, segundo os analistas,
ainda não refletem os efeitos da recessão.
O grave quadro de crise é perceptível quando se olham
os números de 2015. Segundo o Ministério do Trabalho, de janeiro a outubro
deste ano, 819 mil empregos formais foram perdidos e segundo a Pesquisa Mensal
de Emprego (PME) do IBGE, a taxa de desemprego subiu de 7,6% em setembro para
7,9% em outubro. O maior patamar de desempregados pertence à indústria. Dados divulgados
pela Secretaria da Receita Federal dão a dimensão da crise. A receita com o
Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas e com a Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido (CSLL) caiu 14,79%, em outubro, quando comparada com outubro de 2014.
O adiamento ou não pagamento destes tributos indicam que a crise se alastra.
No resto do mundo, enquanto a França investiga e
persegue os responsáveis pelos ataques em Paris, os 20 países mais ricos do
mundo se reúnem em Antalya na Turquia para discutir os rumos da economia
mundial. Graves problemas roubam a cena do encontro deste ano, desde os
econômicos (países emergentes em desaceleração, Europa estagnada e incerteza da
recuperação americana) até os políticos e de segurança (crise de refugiados na
Europa e terrorismo do Estado Islâmico). Diante dos fatos, o G-20 tem
dificuldades em traçar alternativas que restabeleçam o crescimento econômico.
Os atentados de Paris podem, segundo o Banco Central
Europeu (BCE), influenciar negativamente os já debilitados investimentos e os
gastos do consumidor europeu. Crescem então, as expectativas de que o
presidente do BCE, Mario Draghi, permita mais estímulos monetários. Já a
indústria americana recuou sua produção em 0,2% em outubro. Um mês antes a
queda havia sido a mesma. A utilização da capacidade instalada continua a
recuar e registrou em outubro 77,5%.
Com as economias mundiais encalacradas, o sistema
capitalista parece ter chegado a um ponto de estrangulamento. Um estudo feito
pela firma de pesquisas de mercado YouGov encomendado pelo instituto londrino
Legatum, detectou que os mais otimistas em relação ao sistema são os indianos.
Metade dos entrevistados acredita que “a próxima geração será provavelmente
mais rica, mais segura e mais saudável que a última”. O otimismo é menor entre
os tailandeses (42%), indonésios (39%) e brasileiros (29%). Os mais pessimistas
estão no Reino Unido (19%), Alemanha (15%) e Estados Unidos (14%).
De onde virá a salvação do sistema?
[i] Professora
do Departamento de Economia da UFPB e pesquisadora do Progeb – Projeto Globalização
e Crise na Economia Brasileira. (www.progeb.blogspot.com.br)
Contato: rospalhano@yahoo.com.br
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