Semana de 09 a 15 de novembro de 2015
Nelson Rosas Ribeiro[i]
Esta
semana está difícil falar sobre conjuntura econômica por dois tipos de razões.
Primeiro porque não há grandes novidades no panorama econômico, nem no Brasil,
nem no mundo. As tendências mantêm-se: a economia mundial continua sua lenta
recuperação e a brasileira afunda cada vez mais. A única novidade é o discurso
de Janet Yellen, presidente do Federal Reserve (Fed), banco central americano,
confirmando que eles começarão uma cautelosa elevação dos juros agora, em
dezembro. Segundo, porque a cena foi roubada por dois grandes acontecimentos:
os atentados terroristas de Paris e o estouro das barragens de contenção de
resíduos da usina de mineração Samarco de propriedade da Vale do Rio Doce e da
BHP Billigton que provocou um desastre ecológico de consequências
catastróficas.
Na conferência do G-20, realizada na
Turquia, Vladimir Putin, presidente da Rússia, denunciou que, entre as nações
que financiam o EI há membros do próprio G-20 e mostrou fotografias dos
comboios de caminhões pipa que transportavam o petróleo que o EI vende para os
países vizinhos. Por que ninguém fala do apoio da Arábia Saudita aos
terroristas e do ódio insano dos EUA ao governo Assad na Síria? Não dá para
acreditar que, de repente, quem apoiou todo tipo de ditadura sanguinária em
todo o mundo resolva, de repente, ter alergia ao “ditador” Assad. Ninguém
também questiona onde está o dedo do estado sionista de Israel nisto tudo. Não
se ouve nenhuma contestação sobre as causas da desordem social e desestruturação
dos países da África que empurra milhões de seres humanos desesperados, para a
travessia do Mediterrâneo, em frágeis embarcações. Descontados os milhares que encontram
a morte nos naufrágios, os sobreviventes criam o já considerado maior fenômeno
migratório, depois da segunda guerra mundial.
O outro acontecimento, o estouro das
barragens de contenção de resíduos da mineradora Samarco, já está sendo
considerado o maior desastre ecológico no Brasil. Não se consegue calcular o
tamanho e o tempo de duração da destruição que provocou. E aí também há
perguntas sem resposta a começar pela paralisação, no Congresso, do processo de
discussão do novo código de mineração, desde 2013. O próprio relator atribui à
“interesses privados”, pois as mineradoras não querem a aprovação das cláusulas
que obrigam ao tratamento dos resíduos, à contratação de seguros e ao aumento
da fiscalização.
Mas há outras perguntas. As empresas não
sabiam do risco de rompimento? Onde estão os órgãos fiscalizadores? Há novas
barragens sob ameaça? Quem controlará a recuperação das áreas degradadas?
Enquanto isso a mineração continua. É preciso garantir os lucros das
mineradoras e, da poderosa Vale do Rio Doce.
Apesar do formidável efeito midiático
desses dois acontecimentos sobrou espaço nos noticiários para as intrigas
políticas que paralisam o país. Prolonga-se o número de equilibrismo do
presidente da câmara, Eduardo Cunha, agora defendido pela cúpula do PT e
atacado pelo PSDB, que resolveu deixar cair a peteca. O equilibrista continua a
prorrogar indefinidamente a decisão sobre o pedido de impeachment como forma de
adiar sua queda em busca de uma alternativa.
Enquanto isso, dentro do governo
explodiu uma nova bomba: a substituição do ministro Levy pelo Henrique
Meirelles, ex-colaborador do governo Lula que o defende com unhas e dentes.
Parece incrível que o velho cacique acredite que o Meirelles, nos dias atuais (tempos
de tsunami) conseguiria desempenhar o mesmo papel que desempenhou no seu governo
(tempos da marolinha).
A pressão sobre a presidente Dilma vem
de todos os lados como se o Meirelles tivesse uma proposta diferente da do Levy,
apesar deles dizerem que são unha e carne.
Querem trocar seis por meia dúzia.
[i]
Professor Emérito da UFPB e Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e
Crise na Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com).
Nenhum comentário:
Postar um comentário