Semana
de 14 a 20 de dezembro de 2015
Raphael Correia Lima Alves de
Sena[i]
A notícia de maior relevância para a
econômica foi a substituição do ministro da Fazenda. Sai Joaquim Levy e assume
Nelson Barbosa. A primeira vista não representa uma guinada na política
econômica, mas, de certa forma, um abrandamento do que teria sido proposto por
aquele que deixou o ministério. O ajuste continua sendo o foco da política
econômica, no entanto, acredita-se que haverá um maior grau de flexibilidade em
sua condução. A gota d’água foi a redução da meta de superávit primário que, em
função da manutenção integral do programa Bolsa Família, foi abatida, caindo de
0,7% para 0,5% do PIB, o que contrariou o ex-ministro. Com a proximidade das
eleições de 2016 e o enfrentamento do processo de impeachment, um corte no
programa de transferência de renda seria um tiro no pé nos planos do governo.
Já
no plano político, as sucessivas derrotas de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi o
ponto marcante. Iniciou-se com o cumprimento de mandados de buscas nas casas do
presidente da Câmara dos Deputados após a deflagração da operação Catilinárias
pela Polícia Federal. Logo em seguida, o Conselho de Ética da Câmara, resolveu
pela admissão da representação contra sua pessoa. Depois, o STF pôs um limite à
sua conduta autoritária, revogando as decisões de Cunha que embasaram a votação
da comissão especial e fazendo com que o processo de impeachment retornasse à
estaca zero. Por fim, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao
próprio STF que ele seja afastado do mandato parlamentar.
A
agência de risco Fitch Ratings rebaixou a nota brasileira fazendo com que o
país perdesse o status de grau de investimento e se tornasse grau especulativo.
O maior temor seria uma fuga de capitais do país, algo que, até agora, é visto
com certo ceticismo pelos analistas do mercado financeiro. Como tal situação já
estava prevista por aqueles que atuam na área, não houve uma forte flutuação do
câmbio.
Dados
da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE, mostra que, depois de sucessivas
quedas, o volume de vendas no varejo restrito apresentou uma leve alta de 0,6%,
na comparação de outubro com setembro. A expectativa dos analistas era de um
recuo de cerca de 1%. O segmento que apresentou maior destaque foi o de
hipermercados e supermercados que registrou alta de 2%, no mesmo período. Mesmo
com a quebra da sequência negativa, é pouco provável que a recuperação do
varejo venha a se concretizar, em 2016. As expectativas em relação ao próximo
ano é de deterioração do setor, bem como do restante da economia. No setor de
serviços a crise segue seu curso normal, sem nenhuma surpresa. O volume de
serviços prestados no país recuou 5,8% em outubro, na comparação com igual
período de 2014.
A
principal notícia internacional ficou por conta do Fed, banco central
norte-americano, que elevou sua taxa de juros de referência. A decisão pode
levar a uma redução do fluxo de dólar para os países emergentes, entre eles o
Brasil. Até agora, não houve uma repentina inversão, no entanto, as
expectativas giram em torno das próximas elevações que virão no ano de 2016,
mais precisamente, da magnitude do afrouxamento monetário que pode ter influencia
direta no câmbio brasileiro, provocando uma desvalorização da moeda nacional e,
consequentemente, tendo um reflexo negativo na taxa de inflação.
Enquanto
o cenário econômico se apresenta de forma, cada vez mais, deteriorada, os
políticos continuam a tratar de seus problemas, enquanto o resto do país espera
impacientemente. Os jornalistas especializados em política, apontam que Cunha e
seus aliados, vale lembrar que entres eles encontra-se o vice-presidente Michel
Temer (PMDB), buscam atrasar o início do processo de impeachment para março de
2016, período em que eles consideram que o país se encontraria num verdadeiro
caos econômico. A ideia é encontrar a tempestade perfeita para que o
afastamento da presidente se concretize. Dentro do próprio PMDB a briga está
cada vez mais evidente, Renan Calheiros (PMDB-AL) de um lado e Cunha e Temer do
outro.
As
eleições de 2016 estão chegando e a briga pelo poder se acirrando. Só com a
ajuda de Papai Noel poderá a economia dar algum sinal de melhora, até outubro.
É
hora da presidente escrever sua carta ao bom velhinho e torcer para que seja
atendida.
[i] Advogado
e Pesquisador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira rclas@hotmail.com;
(www.progeb.blogspot)
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