Semana de 07 a 13 de
dezembro de 2015
Rosângela Palhano Ramalho
[i]
Caro leitor, a economia mundial e a brasileira
continuam sem rumo. A crise se alastra e qualquer sinal de recuperação suscita
dúvidas. Todas as soluções mágicas dos economistas para resolver os problemas
econômicos atuais continuam sem provocar os efeitos esperados. O Banco Central
Europeu lançou mais uma: reduziu de -0,2% para -0,3% a taxa de juros das
reservas que os bancos comerciais guardam em seu cofre. É uma tentativa
desesperada para que as instituições lancem o dinheiro em circulação.
No Brasil, o PIB do terceiro trimestre caiu 1,7%,
comparado ao segundo trimestre. A atividade agropecuária recuou 2,4%, a
industrial caiu 1,3% e os serviços, 1%. O consumo das famílias desabou em 1,5%
e a formação bruta de capital fixo caiu em 4%. Os indicadores mais importantes
da atividade econômica mostram queda da demanda e da oferta, com os
consumidores adquirindo menos e as empresas ofertando menos. Por mais incrível
que possa parecer, muitos tratam a queda generalizada como uma surpresa. Mas em
meio a um ajuste fiscal, taxas de juros altas e crise política que só se
agrava, há apenas uma certeza, a de que a situação ainda vai piorar muito.
Não há sinal de retomada dos investimentos. O
Indicador de Intenção de Investimentos da Indústria da Fundação Getulio Vargas
(FGV) apurou queda de sete pontos, no quarto trimestre de 2015, comparado ao
trimestre anterior. O Indicador de Custos Industriais da Confederação Nacional
da Indústria (CNI) aumentou 2,9%, no terceiro trimestre, em relação ao segundo.
De acordo com a instituição, a alta dos custos tem sido superior ao aumento dos
preços dos produtos, o que sugere um menor lucro para as empresas.
O final de ano para o setor industrial será negro. A
Mitsubishi, que já havia dado férias coletivas em julho e outubro, resolveu
parar por cinco semanas, a partir de 14 de dezembro, em virtude da queda das
vendas de automóveis. A Honda, que domina o mercado brasileiro de motocicletas,
dará férias coletivas de 18 dias a partir de 21 de dezembro. No acumulado do
ano, a produção de motos caiu 15%. A LG demitiu 453 trabalhadores na fábrica de
Taubaté. O número soma-se as 285 vagas que já foram cortadas este ano pela
empresa por causa da queda da demanda.
O indicador de inflação piorou. O Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aumentou de 0,82%, em outubro, para 1,01%, em
novembro. Foi maior que o esperado, com destaque para a alta do preço dos
alimentos. Segundo o IBGE, a inflação acumulada em 12 meses chegou a 10,48%, em
novembro, e o IPCA deve encerrar o ano com alta superior a 10,5%. Para as
famílias que recebem até 2,5 salários mínimos, a alta da inflação, em novembro,
foi de 1,06%. No acumulado, estas famílias, afetadas pelo aumento das tarifas e
dos preços dos alimentos, pagaram 11,2% a mais em seu consumo. Mas o Banco
Central tem a “solução perfeita” para o problema. As recentes declarações de
seus dirigentes indicam que na próxima reunião do Conselho de Política
Monetária (Copom), a taxa de juros irá aumentar, mesmo com a atividade
econômica e o consumo descendo ladeira abaixo.
Com o agravamento da situação econômica e política,
o governo agora teme que as onipotentes agências de risco rebaixem a nota de
investimento do Brasil. A Fitch pode retirar o selo de bom pagador do país até
o próximo mês e a Moody’s decidirá em três meses.
E assim, o governo deve encerrar 2015. Refém da
falta de crescimento interno e mundial, refém da alta inflação, das agências de
risco e o pior, refém de um Congresso Nacional altamente corrompido.
Pior vai ficar!
[i] Professora
do Departamento de Economia da UFPB e pesquisadora do Progeb – Projeto Globalização
e Crise na Economia Brasileira. (www.progeb.blogspot.com.br)
Contato: rospalhano@yahoo.com.br
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