Semana de 31 de dezembro de 2012 a 06 de janeiro de
2013
Nelson Rosas Ribeiro[i]
Não temos muito a acrescentar sobre os prognósticos para
a economia mundial neste começo de 2013. As notícias confirmam a continuação
das dificuldades dos países da União Européia com o agravamento provocado pelas
políticas de austeridade que continuam a ser adotadas por todos e,
particularmente, pelos PIGS. Devemos esperar a continuação da intranqüilidade
social e dos conflitos. A teimosia em orientar todos os esforços para garantir
os rendimentos do capital financeiro e dos especuladores internacionais
continua a produzir seus efeitos desastrosos.
Nos EUA a situação, embora mais calma, arrasta-se à beira
do abismo fiscal para o qual se chegou a um acordo protelatório, com a redução
de US$ 650 bilhões, de um total de US$ 7,9 trilhões, do déficit fiscal, que já
representa 72% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Até os BRICS (sigla que inclui os países Brasil, Rússia,
Índia, China e África do Sul), considerados a salvação da humanidade,
encontram-se em dificuldades. Além de contradições internas, pois suas
economias, em muitos aspectos, são concorrentes, e de não se constituírem em um
bloco econômico, enfrentam problemas internos de inflação, falta de
investimentos e agitações sociais. Apenas a China se apresenta com alguma
esperança de acelerar seu crescimento.
Isto, sem levar em conta
as ameaças de guerra e intervenções militares no mundo árabe, cujas
consequências são imprevisíveis.
Todo este quadro não nos permite otimismo, neste ano de
2013, para a economia mundial.
Não temos dúvida que esta situação contamina as
perspectivas pra a economia brasileira. Em primeiro lugar, temos de lembrar que
o fenômeno da globalização não é uma invenção dos economistas. Para o bem e
para o mal, ele é uma terrível realidade sem retorno e deve ser levado em
consideração nos prognósticos. Alguns políticos e economistas, infelizmente,
ainda não criaram vergonha na cara e continuam a tentar enganar a todos.
Esquecem que “mais rápido se apanha um mentiroso do que um manco” (Não estou
falando só do ministro Mantega).
O outro fator que temos de levar em consideração é o
triste desempenho da economia brasileira, neste sofrido 2012. Para a desgraça
da “presidenta”, se o PIB de 2011 foi chamado de “pibinho”, o de 2012, que não
deve atingir nem 1%, será chamado de quê?
Mas não é só isso. O crescimento da indústria, em 2012,
será negativo. As estimativas feitas por vários especialistas indicam uma queda
em torno de -2,4%. Os investimentos estão paralisados, pois a indústria está
trabalhando com capacidade ociosa. A participação dos produtos nacionais, no
consumo interno, vem caindo diante da pressão dos importados, bem como na
composição das exportações.
Por seu lado, a balança comercial tem apresentado saldos
decrescentes. Em 2012, o superávit foi o menor nos últimos 10 anos, tendo
recuado de US$ 29,8 bilhões, em 2011, para US$19,4 bilhões, uma queda de 34,8%.
Para completar as desgraças, a impossibilidade de se
atingir o tão desejado superávit primário, nas contas públicas, já foi
admitida. O compromisso do governo era de que a economia seria de 3,1% do PIB,
o que corresponderia a R$ 139,8 bilhões. No entanto, até novembro, o governo só
conseguiu R$ 82,699 bilhões. Mesmo se considerando as deduções permitidas com
os gastos do PAC, ainda faltam R$ 31,5 bilhões.
Tentando esconder o rombo, o governo, nos últimos dias do
ano, realizou uma série de operações contábeis para aumentar as receitas e
apresentar outros números. Não é a primeira vez que se utilizam estes recursos.
Foram feitas operações envolvendo o BNDES, a Caixa Econômica, as estatais, o
Tesouro e o Fundo Fiscal de Investimento e Estabilização (FFIE), do qual o
único cotista é o Fundo Soberano do Brasil (de onde foram sacados R$ 12,4
bilhões, quase zerando esta reserva dita estratégica). Com isto o governo
aumentou a receita em R$ 19,4 bilhões, suficiente para “enganar” o “mercado”.
Será que engana?
[i] Professor
Emérito da UFPB e Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na
Economia Brasileira progeb@ccsa.ufpb.br);
(www.progeb.blogspot.com).
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